Ciência e Saúde

Descoberto em Uganda, o crânio de símio de 20 milhões de anos

Agência France-Presse
postado em 19/09/2011 19:51
PARIS - O crânio fossilizado de um ;Ugandapithecus major;, um "grande símio" com cerca de 20 milhões de anos, foi encontrado aos pés de um vulcão em Uganda e apresentado à imprensa esta segunda-feira, em Paris, por seus descobridores franceses. Fragmentos deste símio arborícola, que viveu no sopé do vulcão Napak (nordeste de Uganda), já tinham sido encontrados pela equipe que trabalha nesta região há 25 anos, mas nunca um crânio quase completo e bem conservado havia sido identificado até agora.

"Dizemos que se trata de um jovem adulto porque os caninos são fortes e seus molares ainda não estão desgastados", explicou Brigitte Senut, palentóloga do Museu Nacional de História Natural de Paris (MNHN), onde ela exibiu a descoberta, feita em 18 de julho em conjunto com paleontólogos ugandenses.

O ;Ugandapithecus; era um "grande símio", mas tinha porte pequeno, semelhante ao de um gibão. Quando foi fossilizado pela lava, o vulcão Napak se situava em um meio tropical úmido, fortemente arborizado, como atestam vários fósseis de plantas e animais (aves, crocodilos, esquilos voadores, porcos e muitos caramujos) encontrados nas proximidades, explicou Senut, que espera poder encontrar o esqueleto do símio em uma futura escavação.

O ;Ugandapithecys; viveu "muito antes da bifurcação entre os grandes símios atuais e os seres humanos" e, por isso, este fóssil não deverá revolucionar os conhecimentos sobre a emergência do ser humano, revelou o co-descobridor do fóssil, Martin Pickford, paleontólogo do Coll;ge de France.

Em compensação, o estudo deste crânio trará muitos ensinamentos sobre a evolução das espécies durante o período que antecedeu esta divisão e sobre a forma como um certo número de características foram ou não transmitidas a outras espécies de símios, tais como o tamanho do cérebro, a forma das órbitas e da cavidade nasal, ou ainda especificidades sobre sua alimentação, etc.

Agora, os cientistas puderam constatar que o crânio apresenta características côncavas que o aproximam dos orangotangos modernos e de outros grandes símios euro-asiáticos, mas o afastam dos chimpanzés e dos gorilas. "Conhecer melhor a vida que precedeu a história da nossa família é particularmente precioso", afirmou Yves Coppens, um dos descobridores do australopiteco Lucy, que compareceu ao museu para assistir à apresentação.

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