postado em 20/10/2011 10:07
Há esperança para evitar a malária, doença que mata cerca de 800 mil pessoas anualmente ; a maioria delas, composta por crianças com menos de 5 anos que vivem na África Subsaariana. O nome dessa esperança é RTS,S, uma potencial vacina que vem sendo desenvolvida há 25 anos para o combate a esse problema de saúde. Resultados de testes clínicos com o composto, publicados recentemente na versão on-line da revista New England Journal of Medicine, mostram que o RTS,S é capaz de reduzir praticamente pela metade o risco de crianças com menos de 2 anos contraírem a doença.A composição química foi aplicada, em sua terceira dose, em 6 mil crianças africanas entre 5 meses e 17 meses. Os resultados, coletados um ano após a aplicação do medicamento, revelaram que o risco de esses pequenos contraírem malária foi reduzido em 56%, enquanto o de sofrerem da forma grave da doença diminuiu 47%. ;Isso confirma as descobertas da fase anterior de nossos estudos e ampara os esforços atuais para avançar no desenvolvimento de uma candidata a vacina contra esse problema;, comemorou Irving Hoffman, um dos integrantes da pesquisa e professor de medicina da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, em comunicado à imprensa.
As novas informações sobre a possível vacina, no entanto, não parecem ser a resposta para acabar com a malária em todo o mundo. ;Queríamos poder erradicá-la, mas acredito que a RTS,S apenas contribuirá para que a controlemos;, afirmou Tsiri Agbenyega, responsável pelos testes em Gana, à agência de notícias Reuters, durante o Fórum da Malária, ocorrido na terça-feira em Seattle, nos EUA.
Defesa extra
Como a malária é transmitida por mosquitos, mais especificamente pelas fêmeas do gênero Anopheles, a equipe da ONG Path ; Iniciativa da Vacina da Malária (MVI, na sigla em inglês) incluiu, entre as medidas de proteção aos bebês, o uso de redes mosquiteiras. Essas redes são tratadas com inseticida em concentração de 75%, o que ajuda ainda mais a diminuir as taxas de contaminação pela doença.
Os estudos com o medicamento estão sendo feitos em sete países da África Subsaariana: Gana, Malauí, Moçambique, Tanzânia, Quênia, Burkina Faso e Gabão. O próximo passo é analisar o funcionamento da vacina no organismo de bebês que têm entre 6 semanas e 3 meses. Os resultados desse processo com crianças mais novas, segundo a ONG, devem ser obtidos até o fim de 2012. A MVI e o laboratório GlaxoSmithKline, que desenvolve a possível vacina, esperam que as análises clínicas do composto químico sejam concluídas em 2014.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, nos últimos 10 anos, o número de mortes por malária caiu em 20% em todo o mundo. Ainda assim, a doença matou 781 mil pessoas apenas em 2009, ano em que 225 milhões de indivíduos contraíram o vírus.