Ciência e Saúde

Sonda não consegue sair da órbita terrestre

postado em 10/11/2011 09:40
Lançada com sucesso na noite de terça-feira do cosmódromo russo de Baikonur, a sonda Phobos-Grunt jogou, horas depois, um balde de água fria nas pretensões de Moscou de reviver a gloriosa era da conquista espacial. Ontem, a Agência Espacial Russa, Roscosmos, informou que o equipamento não conseguiu sair da órbita da Terra e dar início à trajetória programada, que culminaria em Marte. Agora, os engenheiros têm de correr contra o tempo para recolocar a Phobos-Grunt na rota: as baterias só duram mais três dias. Mesmo assim, o chefe da agência, Vladimir Popovkin, não esmoreceu. ;Eu não diria que é um fracasso. É uma situação fora do padrão, mas é uma situação de trabalho;, afirmou.

A missão extremamente ambiciosa é destinada a colocar a nave na órbita de Marte, pousar a sonda na superfície de sua maior lua, Phobos, recolher amostras do solo e trazê-las à Terra. A sonda também está carregando um satélite chinês, Yinghuo-1, que deveria entrar na órbita de Marte em um projeto de cooperação histórico entre Moscou e Pequim. Segundo Popovkin, os motores da sonda falharam duas vezes ao lançar fogo para orientar sobre o caminho para Marte.

Mesmo antes do lançamento, Popovkin havia admitido que a missão era um risco, afirmando que 90% da nave era composta por equipamentos completamente novos, já que a Rússia não produziu quase nada em exploração planetária nos últimos 20 anos. ;O risco de uma falha era muito alto. Infelizmente, as piores previsões se tornaram realidade;, afirmou uma fonte da indústria espacial russa à agência de notícias Interfax. As chances de salvar a sonda são mínimas, acrescentou a fonte, que não quis se identificar. ;Em minha opinião, seria um milagre;, acrescentou.

A agência citou outra fonte que afirmou que, se o controle da missão não conseguisse retirar a Phobos-Grunt da órbita da Terra e levá-la para Marte, ela correria rapidamente o risco de se chocar contra a Terra. ;Sua órbita é muito baixa e só vai ser capaz de continuar por cinco a 10 dias. Então, como resultado da perda de velocidade, entraria na densa camada da atmosfera e provavelmente cairia na Terra;, disse. A Interfax afirmou que a sonda foi segurada em 1,2 bilhão de rublos (US$ 40 milhões), mas observou que o seguro estava se tornando mais complicado para a Roscosmos, após uma série de missões frustradas no ano passado. Três satélites de navegação caíram no mar depois de um lançamento frustrado, um novo satélite militar foi perdido em órbita, enquanto uma nave de abastecimento com destino à Estação Espacial Internacional caiu na Sibéria.

Fracassos
A Rússia estava ansiosa para mostrar que poderia ser uma superpotência na exploração espacial e se inspirava ainda no espírito ousado do primeiro homem a ir ao espaço, Yuri Gagarin, no ano de comemoração do 50; aniversário de sua viagem histórica. Mas a Phobos-Grunt também foi assombrada pela aparente má sorte da União Soviética e pelas tentativas fracassadas da Rússia de explorar Marte e suas duas luas. A União Soviética enviou uma série de sondas ao espaço, mas a maioria fracassou em suas missões, em um momento em que a Nasa conseguiu impressionar o mundo com as imagens de suas bem-sucedidas sondas Mariner e Viking.

Se tudo saísse como o planejado, a Phobos-Grunt chegaria a Marte no próximo ano e, em seguida, implantaria seu módulo de pouso em Phobos em 2013, escavando um pedaço de sua superfície, antes de regressar com a amostra à Terra em agosto de 2014. Acredita-se que a Phobos, que orbita Marte em um raio de pouco menos de 10 mil quilômetros, é a lua mais próxima de qualquer planeta do sistema solar, e os cientistas esperam que revele segredos sobre a origem dos planetas.

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