Ciência e Saúde

Ciência testa materiais inusitados por formas menos poluentes de energia

Gláucia Chaves
postado em 01/02/2012 08:31
A corrida por novas formas de energia segue a todo vapor. Segundo o relatório feito pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), apresentado em Cannes (França), durante a reunião do G20, em novembro passado, a implementação de matrizes limpas em todo o mundo progride rapidamente. De 2005 a 2010, o uso de energia eólica cresceu 27% ao ano, enquanto a solar aumentou 56%. Contudo, o planeta ainda é extremamente dependente do petróleo e do carvão: o primeiro movimenta 94% do setor de transportes mundial; e o segundo é a solução para metade da demanda por eletricidade. Na busca por diminuir a dependência da humanidade por combustíveis fósseis ; altamente poluentes ;, pesquisadores de diversas partes do mundo, inclusive do Brasil, desenvolvem inusitados estudos em que lixo, esterco e até urina se transformam em fonte energética.

Uma dessas pesquisas foi desenvolvida na Universidade de Brasília (UnB), onde descobriu-se que a chamada cama de frango é uma interessante fonte de energia. A estrutura ; forro constituído por gravetos e cascas de arroz ; é utilizada pelos produtores de aves para proteger os pés dos animais. Depois de usada, porém, praticamente perde sua função. Antes, era dada como alimento para o gado, mas, como penas e dejetos também entram na composição, representava um risco para os animais. ;Algumas pessoas usavam esse resíduo como adubo, mas isso também pode gerar problemas no campo se o frango tiver alguma doença;, completa Carlos Alberto Veras, professor de engenharia mecânica na universidade e um dos envolvidos no estudo.

Para resolver a questão, a equipe da UnB decidiu queimar tudo. Usando o processo de gaseificação (método em que o material é aquecido a temperaturas superiores a 1.000;C), notou-se que o gás gerado pela queima da cama de frango é uma poderosa fonte de energia. Ainda que não possa gerar energia para todo o país, a técnica é uma opção real para produtores e fazendeiros. ;Fizemos alguns cálculos preliminares e, com o nosso sistema, é possível que eles não precisem mais pagar eletricidade;, diz Veras. As cinzas que resultam da queima também têm utilidade. ;Elas podem ser usadas como fertilizantes, porque têm potássio e alto valor de mercado;, completa.

Também buscando novas formas de utilizar resíduos aparentemente sem função, o professor do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Antônio Mangrich produziu células de combustível microbianas (MFC, na sigla em inglês) a partir de lixo e resíduos pouco nobres. Essas células, amplamente pesquisadas no mundo, são espécies de baterias experimentais que usam micro-organismos para produzir energia por meio da oxidação. Nelas, bactérias quebram as moléculas orgânicas e geram eletricidade. Com isso, essas estruturas permitem que os mais variados elementos, como a água de esgoto, sejam explorados na nova corrida energética. ;Montamos células com esterco suíno, rejeito altamente poluidor nas granjas de produção de porcos, e medimos o potencial elétrico;, explica Mangrich.

Leia a matéria completa na edição desta quarta-feira (1;/2) do Correio Braziliense

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