Ciência e Saúde

América e Ásia se juntarão no futuro e formarão um supercontinente

Paloma Oliveto
postado em 09/02/2012 08:00
Qualquer criança sem o mínimo conhecimento geológico sabe, só de olhar para o mapa-múndi, que, um dia, a costa brasileira foi uma peça a mais no quebra-cabeça de um supercontinente. O contorno do litoral encaixa-se perfeitamente
na parte oeste da África, uma das evidências usadas pelo geógrafo AlfredWegener na defesa de sua Teoria da Deriva dos Continentes, proposta em 1915. Se o alemão foi ridicularizado pelos pares durante muitas décadas, hoje essa ideia é amplamente aceita. O que acontecerá, no futuro, com as porções de terra que cobrem o planeta, porém, ainda é motivo de polêmica.

Uma nova hipótese veio se juntar às demais previsões geológicas para daqui a 200 milhões de anos. De acordo com um estudo publicado na edição de hoje da revista Nature, um novo continente, com o estranho nome de Amásia, surgirá da junção das Américas com a Ásia. A ideia não é nova, mas a forma como isso acontecerá, segundo os pesquisadores, é diferente de tudo que já foi proposto.

Em vez de girar no sentido horário ou anti-horário e se unir aos países asiáticos pela movimentação horizontal, haveria uma centralização vertical. América e Ásia moveriam-se em 90;, unindo-se na ;ponta; norte do planeta, e uma nova cordilheira é o que faria a união. ;Praticamente, esses dois continentes ficariam onde hoje é o Polo Norte;, define Ross N. Mithcell, estudante de pós-doutorado da Universidade de Yale e principal autor do artigo. ;O Brasil não desaparecerá; Américas do Sul e do Norte serão um só bloco, que se movimentarão em direção ao que hoje são Ásia e Europa. Mas o Mar do Caribe e o Oceano Austral não terão tanta sorte. Durante a fusão, eles vão desaparecer;, prevê o pesquisador.

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Cientista morreu desacreditado
A hipótese da movimentação dos continentes não surgiu com o geógrafo Alfred Wegener, mas ele foi o primeiro a não se basear apenas nas evidências visuais dos mapas e também procurar provas científicas que sustentassem a ideia de um só bloco de terra. Separados por um oceano, por exemplo, o Brasil e o oeste africano compartilham fósseis, sedimentos e outras estruturas geológicas que não poderiam ter existido nas duas regiões, a não ser que, um dia, tivessem formado um só continente. Isso ocorre em relação a todos os continentes: no Ártico, por exemplo, o geógrafo descobriu fósseis de plantas tropicais.

As provas de Wegener, porém, não convenceram a comunidade científica e ele morreu, em 1930, sem ver sua teoria levada a sério. O problema é que, por mais que as evidências fossem bastante sugestivas, os motivos apontados pelo alemão pareciam absurdos. Ele creditava à rotação e ao movimento das marés o deslocamento dos blocos continentais.
Somente com a exploração submarina, que teve início em 1950, os cientistas se lembraram do que Wegener havia proposto. Ao desvendar a topografia do fundo do mar e o magnetismo das rochas oceânicas, os pesquisadores constataram que, de fato, imensas placas estão constantemente se juntando ou afastando, sugerindo que, graças ao atrito e à gravidade, é possível que continentes se desloquem. Só então Wegener ganhou seu justo lugar na história da ciência.

Leia matéria completa na edição desta quinta-feira (09/02) do Correio Braziliense

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