Ciência e Saúde

Argentina anuncia produção de remédio para tratamento do mal de Chagas

Agência France-Presse
postado em 20/03/2012 16:53
Buenos Aires - A Argentina começou a produzir o benznidazol, medicamento que serve para o tratamento do Mal de Chagas, doença endêmica na América Latina, e que um laboratório internacional tinha deixado de fornecer, anunciou nesta terça-feira (20/3) o ministro da Saúde, Juan Manzur.

"Hoje é um dia histórico em matéria de saúde pública na Argentina porque depois de 60 anos de enormes esforços na luta contra o Chagas, tenho o orgulho de dizer que o país começou a produzir o tratamento para esta doença", disse Manzur durante coletiva. O benznidazol até agora era produzido por um laboratório multinacional, "que interrompeu (sua produção) porque não era negócio fazer medicamentos pra os pobres", afirmou o ministro.

A partir de agora, a principal droga usada no tratamento do Chagas é produzida por um consórcio entre o Ministério da Saúde argentino, dois laboratórios privados e a fundação Mundo Sano (Mundo São), com 1.000 doses já disponíveis do tratamento.

Calcula-se que 1,5 milhão de habitantes na Argentina estejam infectados com o parasita ;Trypanosoma cruzi;, causador do mal de Chagas, doença endêmica e transmitida por um inseto hematófago, conhecido no Brasil como bicho barbeiro.

"Há uma grande necessidade de contar com os remédios e é evidente o esforço que a Argentina está fazendo na produção do tratamento, um fato que sem dúvida vai superar a fronteira dos países", afirmou o representante na Argentina da Organização Panamericana da Saúde (OPS), Pier Paolo Balladelli.

Na Argentina são mais de 300 mil os afetados por cardiopatias relacionadas com o mal de Chagas. Na América Latina, a doença é uma das endemias mais disseminadas, com 10 milhões de infectados, segundo estimativas da OPS.

De acordo com Baladelli, "esta iniciativa permite a solidariedade da Argentina com outros países e, tratando-se de um remédio que não tem interesse comercial, é duplamente meritório".

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação