Agência France-Presse
postado em 29/03/2012 13:52
Paris - Para incentivar as pessoas a apagarem as luzes, no sábado (31/3), e salvar um pouco o planeta, os organizadores do a "Hora do Planeta" apostam nas redes sociais, uma ideia talvez não tão brilhante quanto a tela em que ela aparece. A cada ano, de Sydney a Los Angeles, governos, empresas e população, cada vez mais numerosos, mergulham na escuridão por uma hora para demonstrar vontade em combater o aquecimento global, um apelo do WWF.O novo ato está programado para sábado às 20h30 locais para fazer melhor do que o ano passado, quando 5.200 cidades em 135 países participaram. A intenção é prolongar a ação para além dos 60 minutos simbólicos, os organizadores incentivam os mais motivados a acompanhar as redes sociais: seguir as novidades no Facebook, compartilhar os compromissos no Twitter ou produzir vídeos para posar no Youtube.
A armadilha é que todas as tecnologias geram também uma quota de CO2, necessária na utilização de smartphones, tablet ou PC, vorazes por energia. A cada incursão na web, emitimos CO2 indiretamente: a de combustíveis fósseis queimados para produzir e recarregar nossos dispositivos, mas também para alimentar inúmeros servidores que armazenam os dados.
Difícil é medir com precisão este impacto, mas um estudo realizado em 2008 pela empresa Bio Intelligence Service atribuiu ao setor de tecnologia cerca de 2% das emissões de gases do efeito estufa em todo o mundo, o equivalente ao setor aéreo. Um simples envio, recebimento e armazenamento de e-mails por um empregado de uma empresa francesa de 100 pessoas gera, por exemplo, 13,6 toneladas equivalentes de CO2, segundo a Agência Ambiental para Gestão de Energia (ADEME). Por comparação, as emissões anuais por habitante na França é de 6 toneladas.
Em 2009, o Times havia provocado polêmica ao afirmar, a partir do trabalho de um pesquisador de Harvard, que duas buscas no Google geram em média 14g de CO2, tanto quanto o ato de aquecer uma chaleira. A empresa afirmou imediatamente que, de acordo com seus próprios cálculos, uma pesquisa não "pesa" mais do 0,2g.
Em outubro, o Facebook anunciou a escolha de uma cidade do norte da Suécia, Luleaa, para construir seu primeiro centro de armazenamento de dados na Europa, o terceiro no mundo. O clima ameno é um atrativo da cidade na medida em que "o esfriamento dos servidores é um grande problema para os centros de armazenamento de dados", explicou a empresa, que foi alvo de críticas do Greenpeace.
No Twitter, plataforma que vê passar 340 milhões de mensagens de no máximo 140 caracteres por dia, cada mensagem "pesa" cerca de 0,02 g de CO2, informou no ano passado, Raffi Krikorian, diretor da infra-estrutura do site, em um comentário postado na internet. "Nós podemos fazer melhor", assegurou. Os organizadores da Hora do Planeta reconhecem que pensaram muito antes de decidir investir na tela em nome da luta contra o aquecimento global.