Gláucia Chaves
postado em 01/04/2012 09:54
Quando colocou os pés em Brasília pela primeira vez, Maira Selva Borges não poderia imaginar como sua vida seria diferente daquele momento em diante. Recém-separada, a mineira de Uberlândia foi transferida de Tocantins para a capital federal. Na nova rotina, ela precisou se acostumar a não dividir mais a casa com ninguém. Com a separação dos pais e os problemas de saúde enfrentados pela mãe, em 2008, a depressão foi chegando devagar, sem que ela percebesse. Durou até 2010. ;Vi pesquisas que mostram que há uma porcentagem alta de pessoas que moram sozinhas e são solitárias em Brasília;, comenta a advogada, 31 anos. ;Eu sinto essa solidão aqui.;A sensação está longe de ser exclusividade de Maira. De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Helsinki, na Suécia, e pelo Finnish Institute of Occupational Health, na Finlândia, pessoas que vivem sozinhas têm 80% mais chances de se tornarem depressivas, quando comparadas às que moram com amigos ou parentes. No caso da advogada, a única companhia é o cachorro, Nino. Trabalhar, ir ao cinema, fazer compras no supermercado, assistir a uma peça no teatro ou realizar qualquer outra atividade sem companhia não é problema para ela, já que a rotina apressada a faz esquecer da ;subpopulação; doméstica. Quando, contudo, o expediente termina, ela sente falta de ter alguém para resumir como foi o dia. ;Acho que a depressão vem porque você tem mais tempo para refletir sobre a vida, não tem uma válvula de escape;, arrisca.