Ciência e Saúde

Pesquisa norte-americana aponta que radiografia pode gerar tumores

postado em 11/04/2012 11:30
Quem fez radiografias dentárias com frequência até a década 1990 corre mais riscos de desenvolver o tumor cerebral meningioma, de acordo com uma pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade de Yale e do Brigham and Women;s Hospital em Boston, dos Estados Unidos. Os resultados do estudo, apresentado nesta semana na revista médica Cancer, mostram que pessoas que passaram por esses exames anualmente ou em períodos ainda mais curtos tinham entre 1,4 e 1,9 vezes mais chances de desenvolver a doença do que os adultos que só o realizavam a cada dois ou três anos. Não há necessidade de a população, no entanto, ficar alarmada. Isso porque os procedimentos radiográficos atuais emitem 70% menos radiação do que os dos últimos 15 anos.

A pesquisadora Elizabeth Claus, da Escola de Medicina da Universidade de Yale em New Haven, afirma ao Correio que os indivíduos com maior probabilidade de sofrer com a doença ao passar por raios-X dos dentes frequentemente são os com histórico familiar da neoplasia. "Quem foi submetido a exames panorâmicos dos dentes antes dos 10 anos de idade teve 4,9 vezes mais chances de ter meningioma", acrescenta. Ela ressalta que a radiação por íons presente nessas situações é o primeiro fator de risco para a patologia, mas que os procedimentos, atualmente, são pouco danosos ao organismo.

"Os aparelhos radiográficos odontológicos passaram por muitas evoluções técnicas, devido o grande avanço que tivemos na área da informática. Não utilizamos mais filmes radiográficos e soluções de processamento (revelador e fixador), de modo que a radiação que chega ao paciente é 70% menor do que a que atingia os pacientes na década de 1990", relata o professor de imaginologia e radiologia odontológica da Universidade Católica de Brasília (UCB) Maurício Barriviera. Hoje em dia, as imagens são produzidas por meio de sensores digitais e têm alta definição. Tais sensores minimizam os erros e repetições do procedimento, tornando-o ainda mais seguro, acrescenta Barriviera, que também é dono e responsável técnico da Fenelon Radiologia Odontógica, do Distrito Federal.

Ele salienta, ainda, que os aparelhos modernos têm uma barreira de chumbo e outra de alumínio que diminuem a emissão de radioatividade. "Também usamos aventais de chumbo e protetores de tireoide", diz o radiologista e professor, que ficou surpreso com a pesquisa, a qual considerou alarmista. "Para comparar o quanto é pequena a liberação de energia radioativa em odontologia, quando alguém é submetido a uma tomografia de abdômen, recebe radiação de 10milliSeiverts, o que equivale à quantidade de radiação de 45 tomadas bucais completas."

Periodicidade

Entre os dentistas brasileiros, existe o consenso de que não há necessidade de fazer exames a cada seis meses se o paciente está com a boca saudável e não se encontra em processo de uso de aparelho ou inserção de implantes. A odontopediatra e cirurgiã dentista Cláudia Jreige, do Centro de Odontologia Avançado, em Brasília, conta que evita pedir radiografias dentárias dos pacientes antes que eles comecem a troca dos dentes de leite, por volta dos sete anos. "Se não há problemas bucais que precisem ser controlados antes dessa fase, prefiro fazer o acompanhamento apenas com as consultas periódicas", explica. A partir do crescimento dos primeiros dentes permanentes, os exames são pedidos uma vez por ano, em casos mais simples, ou a cada seis meses, para avaliar o desenvolvimento das estruturas. Na adolescência e idade adulta, os pacientes sem problemas bucais fazem o acompanhamento radiológico apenas a cada dois anos, completa a odontopediatra.

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