postado em 26/04/2012 16:33
A mobilização de consumidores será a meta da primeira fase do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), lançado em novembro do ano passado.O plano prevê a assinatura de pactos setoriais com empresas e entidades de classe, além de campanhas educativas para mobilizar os consumidores. As prioridades são o consumo sustentável no setor varejista e o fortalecimento do sistema de compras públicas sustentáveis, para estimular o mercado a produzir bens e serviços com base em critérios ambientais.
Segundo a secretária da Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo, por causa do aumento da classe média, o principal desafio estará nas grandes cidades.
;Temos 100 milhões de pessoas na classe média. Em menos de cinco anos, metade estará na chamada classe B, de média para alta;, disse ao participar de evento sobre compras públicas sustentáveis. ;É a hora de intervirmos e fazermos da sustentabilidade uma linguagem que chegue na vida do consumidor;, completou.
Samyra Crespo disse que a prática de compras sustentáveis está em discussão no governo. ;O Brasil vai liderar, ainda que suavemente, esse movimento;, comentou.
As compras sustentáveis são vistas em todo o mundo como uma forma de gerar um mercado verde e proteger o meio ambiente. Na Bolívia, por exemplo, o governo decidiu substituir as lâmpadas de 30% dos prédios públicos pelas chamadas lâmpadas de LED, que consomem menos energia e duram mais. Agora, o país pretende substituir as lâmpadas de todos os prédios de governo pelas mais econômicas.
;É uma economia que poderá ser gasta com melhorias em outros setores, como educação. Além disso, cria um mercado para as lâmpadas. Essa prática mostra que todos nós ganhamos. Não apenas o meio ambiente ou nossos filhos e netos, mas o desenvolvimento como um todo;, disse a diretora regional do escritório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) para América Latina e Caribe, Margarita Astralaga.
Na Coreia do Sul, foi lançado um cartão de crédito verde, que concede pontos para o consumidor, cada vez que ele opta por uma compra que leve em conta critérios ambientais. Esses pontos podem gerar descontos no pagamento de contas de água e luz, por exemplo. As lojas que vendem os produtos verdes recebem um selo de identificação.
Segundo o representante da Korea Indústria Ambiental e Instituto de Tecnologia, Sung-Sik Moon, um dos obstáculos para a implementação de políticas de compra de produtos sustentáveis na Coreia do Sul foi o baixo nível de informação por parte dos consumidores. Por isso, houve o investimento em informação e na certificação de alta qualidade para produtos produzidos de acordo com normas ambientais.
Para o gerente de programa do Pnuma, Farid Yaquer, minimizar os impactos ambientais e promover igualdade social e benefício econômico são os pilares que devem embasar a questão das compras públicas sustentáveis. Segundo ele, a prática não gera aumento do preço porque o custo total é calculado de acordo com a vida útil dos serviços e produtos. ;As compras sustentáveis devem estar ligadas ao desenvolvimento de uma estratégia econômica do país, ao encorajamento do desenvolvimento nacional ou regional e à capacidade produtiva de produtos e serviços;, destacou.