Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Físico diz que homem nunca terá todas as respostas sobre o Universo



O senhor foi um dos primeiros cientistas brasileiros a se preocupar em falar com o público leigo. Ainda existe uma resistência dos pesquisadores brasileiros em relação à divulgação científica?
Não sei se resistência, mas acho que existe uma certa preguiça e uma falta de incentivo. Os cientistas brasileiros estão um pouco acomodados em relação ao papel social que eles podem ter, não só como pesquisadores, mas também como educadores fora da sala de aula. Embora a divulgação científica não seja coisa para todos os cientistas, é para muitos mais do que só alguns, como hoje. Ainda há espaço para um grande crescimento dessa área.

Muito se fala sobre os avanços da ciência brasileira nos últimos anos. Hoje, é possível fazer ciência de ponta sem precisar sair do país?
Sem a menor dúvida, a situação está muito melhor. Nos anos 1980, quando eu saí do país, era de praxe um bom aluno querer fazer doutorado fora. Hoje em dia, não há mais necessidade disso, você pode fazer um doutorado de excelente qualidade aqui, aliás você pode fazer sua carreira inteira aqui. Mas é claro que, como ciência é uma atividade muito internacionalizada, é importante que o aluno brasileiro tenha a oportunidade de experimentar como funciona a coisa lá fora.

Então, mesmo assim, as experiências no exterior continuam sendo importantes.
Essas bolsas sanduíches, por exemplo, que o programa Ciência sem Fronteiras está oferecendo, são muito boas, porque oferecem aos alunos essa ideia de que você pode fazer ciência lá fora e aqui. E, assim, desmistifica para o aluno brasileiro o que é fazer ciência lá fora. As pessoas pensam: ;Ah, os Estados Unidos têm dinheiro e tudo é perfeito;. Mas não é nada disso. Tem espaço para todos. Então, eu acho que sim, é possível ter essa carreira aqui, mas todo aluno, todo doutorando e pós-doutorando, pode se beneficiar muito indo para fora e aprendendo como funciona outro sistema de pesquisa e ensino.