Paloma Oliveto
postado em 10/07/2012 08:00
Há um ano e meio, a Agência Espacial Americana (Nasa) anunciou uma polêmica descoberta que modificava o entendimento da ciência sobre o que é vida. Na ocasião, a equipe da geomicrobióloga Felisa Wolfe-Simon, pesquisadora em Menlo Park, na Califórnia, afirmou ter encontrado uma bactéria capaz de crescer e se desenvolver com pouco fósforo e muito arsênio. Considerando que todos os organismos do planeta precisam de oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, fósforo e enxofre para sobreviver, além do fato de o arsênio ser extremamente tóxico, a teoria era a de que os cientistas haviam descoberto uma nova forma de vida. Com isso, tornava-se provável a existência de seres em ambientes inóspitos, com composições químicas diferentes das exigidas pela Terra. Em outras palavras, a vida alienígena era uma realidade.Para a decepção de quem se empolgou com os resultados, a edição desta semana da revista Science, que será publicada na sexta-feira, traz dois estudos desmentindo os resultados obtidos por Wolfe-Simon. Duas diferentes equipes científicas replicaram a experiência usando a mesma bactéria, a linhagem GFAJ-1 da espécie Gammaproteobacteria. Em ambos os casos, ficou comprovado que esse micro-organismo precisa, sim, de fósforo para crescer, e que o arsênio não pode substituí-lo nessa função. De fato, a bactéria, encontrada em sedimentos do lago Mono, na Califórnia, consegue sobreviver mesmo com níveis altos da substância tóxica e não precisa de muito fósforo para vingar. Ainda assim, seu metabolismo não funciona sem esse último elemento químico.