Ciência e Saúde

Conservadorismo ameaça a luta contra o vírus da AIDS na América Latina

Agência France-Presse
postado em 18/07/2012 19:37
A América Latina e o Caribe mantêm sob controle a epidemia da AIDS, mas uma onda de conservadorismo ameaça os esforços para prevenir a propagação do vírus, disseram autoridades da agência da ONU de luta contra a doença (Unaids) nesta quarta-feira (18/7).

"A América Latina mantém uma epidemia relativamente estabilizada, avançou em relação ao tratamento" dos doentes, disse Pedro Chequer, coordenador da Unaids no Brasil.

A região se destaca por una ampla cobertura no tratamento com antirretrovirais, de quase 70%, o que contribuiu para reduzir sensivelmente as mortes por causa da doença.

Devido ao maior acesso ao tratamento antirretroviral, a AIDS deixou de ser uma "sentença de morte para se transformar em uma condição crônica", disse Jorge Chediak, coordenador regional da Unaids.

O organismo internacional destacou o papel do Brasil na ampliação da cobertura do tratamento contra a AIDS.

O país fabrica 10 dos 20 medicamentos utilizados na terapia, que também distribui a países da África e América Latina. Além disso, distribui gratuitamente meio milhão de camisinhas por ano.

Contudo, apesar dos avanços, a região enfrenta "de modo geral uma onda de conservadorismo que preocupa". Em alguns países "há restrições ao acesso de preservativos, por exemplo, na escola", disse Chequer.[SAIBAMAIS]

"Os grupos conservadores religiosos, católicos e não católicos, consideram a distribuição de preservativos como algo inadequado do ponto de vista moral e religioso", enfatizou.

Também falta fortalecer as ações contra o estigma e a favor da população mais vulnerável.



"Na América Latina a epidemia predomina entre gays, transexuais e trabalhadores sexuais, e há uma certa cautela em abordar esse problema de forma direta" por causa desse conservadorismo, destacou o responsável da Unaids.

No ano passado, 99 mil pessoas contraíram o HIV (vírus da imunodeficiência humana) na América Latina e Caribe, e cerca de 67 mil pessoas morreram por causa da doença.

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