Bruna Sensêve
postado em 22/07/2012 08:13
O leite materno é a principal fonte de nutrição e proteção imunológica do recém-nascido, capaz de prevenir 15 milhões de óbitos em uma única década. No entanto, a transmissão do HIV pela amamentação também é responsável por mais da metade do volume de novas infecções pediátricas. A duplicidade na ação do leite materno de gestantes portadoras do vírus desafia a comunidade médica mundial a buscar novas estratégias para o uso mais efetivo da medicação antirretroviral. A preocupação de impedir completamente a transmissão do vírus ao bebê é um dos principais temas discutidos na 19; Conferência Internacional de Aids 2012, que começa hoje, em Washington DC, nos Estados Unidos.A transmissão vertical ; situação em que a criança é infectada pelo vírus durante a gestação, o parto ou por meio da amamentação ; também foi o tema de destaque da última edição da revista especializada Science Translational Medicine. Philippe Van de Perre e sua equipe mostraram que a existência de reservatórios de HIV no leite materno pode ajudar a entender os fatores que influenciam a transmissão do vírus da mãe para o feto (veja infografia). Segundo o pesquisador da universidade francesa de Montpellier, mulheres com respostas bem-sucedidas à terapia antirretroviral e taxas indetectáveis de HIV no plasma sanguíneo e no leite materno não podem ser consideradas livres do HIV replicante, que transmite o vírus ao bebê.
Ainda que a terapia resulte em uma grande queda na presença do HIV, células que carregam secretamente o vírus podem ser detectadas em todas as mulheres infectadas, até mesmo aquelas tratadas com a medicação adequada. ;Essas células podem ser as responsáveis por uma transmissão viral residual de mãe para filho;, afirma o artigo. Dessa forma, a equipe sugere que novas abordagens de terapia profilática são necessárias para prevenir a transmissão de HIV a crianças durante a amamentação.