Paloma Oliveto
postado em 24/07/2012 08:00
É para responder rápido, sem pensar muito a respeito: quantos exemplares de cada animal Moisés carregou na arca antes do dilúvio? Dois, certo? Errado. Não foi Moisés, mas Noé que salvou da fúria divina a vida na Terra. Quem ficou constrangido por aparentemente ter se esquecido das aulas de catequese deve saber que mesmo teólogos podem se embaralhar diante dessa pergunta. Na verdade, todos sabem a resposta certa. O problema é que, quando duas palavras compartilham algum nível de semelhança ; no caso, Noé e Moisés são personagens famosos do Antigo Testamento bíblico ;, o cérebro cai fácil nessas pegadinhas, um fenômeno chamado por cientistas de ilusão semântica.Para cientistas da Universidade de Glasgow, na Escócia, esse tema merece ser estudado por fornecer boas pistas de como a linguagem é processada. ;Tradicionalmente, acredita-se que uma frase é compreendida quando se analisa, uma a uma, as palavras que a compõem. Acontece que, quando nos vemos diante de sentenças como a da arca de Noé, percebemos que, na verdade, esse processo é incompleto e mais superficial do que se imagina. Se, de fato, o cérebro avaliasse cada uma das palavras antes de indicar que aquilo que se ouve faz sentido, a pessoa reconheceria imediatamente o erro;, afirma Hartmut Leuthold, psicólogo da instituição que acabou de concluir um estudo sobre ilusão semântica financiado pelo Conselho de Pesquisa Econômica e Social do Reino Unido.