Luciane Evans
postado em 30/07/2012 08:11
Belo Horizonte ; Era manhã de 18 de abril de 2012 e Ana Paula Garcia da Silva, de 30 anos, foi do céu ao inferno em poucas horas. Grávida do primeiro filho, Ana foi vítima, segundo denuncia, de agressões físicas e verbais cometidas por uma equipe médica de uma maternidade particular de Belo Horizonte. De onde esperava aconchego e respeito, ela ouviu palavras rudes, passou por procedimentos que não queria, sentiu-se humilhada e violada. E pior: saiu de lá sem sua menina, Mariana, que morreu 55 minutos depois de nascer. ;Não consideraram os meus direitos. Deram-me anestesia à força. Os médicos faziam o que queriam e, depois, sumiram sem me dar explicações. Tudo o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declara como práticas claramente prejudiciais ao parto foi aplicado a mim;, lamenta, revoltada.
Mas Ana Paula não está sozinha. Um grupo de mulheres que passou pelo serviço de obstetrícia particular ou público no Brasil e se sentiu de alguma forma desrespeitado está saindo do anonimato e se unindo para exigir mudanças reais. Em Minas Gerais, cansadas de esperar resposta dos órgãos de saúde, elas resolveram levar o caso à Comissão Estadual de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Nesta quarta-feira, participarão de audiência pública sobre o tema. Com o nome Violência no parto, o movimento acionou entidades médicas do estado e o Ministério Público para abrir o debate, que promete trazer à tona polêmicas que há anos estão em silêncio.