Marcela Ulhoa
postado em 19/08/2012 13:55
É literalmente sentado que o mundo tem assistido ao rápido crescimento das taxas de obesidade na infância. Normalmente associado ao sedentarismo e à má alimentação, o sobrepeso é motivo de alerta, principalmente por sua estreita ligação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Um estudo do Centro Médico da Universidade VU, em Amsterdã, na Holanda, mostra que, a cada três crianças com obesidade severa, duas já apresentam pelo menos um fator de risco para doenças cardiovasculares. A campeã na lista foi a pressão alta, que atinge 56% dos 307 jovens holandeses estudados. Logo atrás vem o colesterol ;ruim;, com 54%.O cenário no Brasil não é muito diferente. De acordo com uma projeção realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o país vai liderar, em 2040, o ranking de mortes por doenças cardiovasculares, seguido por China e Índia. De acordo com Anderson Rodrigues, cardiologista do Laboratório Sabin, a situação é reflexo do aumento, em número e grau, de crianças obesas no país. Segundo o último levantamento do IBGE, em 2009, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estava acima do peso recomendado pela OMS. A parcela dos meninos de 10 a 19 anos com excesso de peso passou de 3,7% (1974-75) para 21,7% (2008-09). Já entre as meninas, o aumento do sobrepeso foi de 7,6% para 19,4%, durante o mesmo período. O quadro pode ser encontrado com grande frequência, a partir dos 5 anos, em todos os grupos de renda e nas cinco regiões brasileiras.
Na pesquisa holandesa, do total de crianças analisadas, metade eram meninos. O estudo detectou que os homens tendem a apresentar grau maior de obesidade nos primeiros anos de vida, enquanto o contrário acontece com as meninas. ;Se a criança, desde cedo, já apresenta fatores de risco para doenças cardiovasculares, a chance de ela desenvolver uma doença cardíaca antes do normal é bem maior, caso ela permaneça obesa;, afirma a pediatra Joana Kist-van Holthe, autora do artigo. Apesar do aumento da taxa de obesidade ser amplamente conhecido e discutido, a pediatra afirma que são escassos os estudos sobre comorbidade em crianças muito obesas.