postado em 21/08/2012 14:19
Produtores de algodão terão de esperar para colher vantagens de variedade transgênica aprovada pela CTNBioOs produtores terão que esperar, ao menos, seis meses para confirmar as apostas no aumento de produtividade e qualidade do algodão com o uso da nova variedade transgênica, aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Depois de um ano em análise, a tecnologia comercialmente denominada de Bollgard II Roundup Ready Flex promete tanto resistência às pragas, como a lagarta rosada, quanto a tolerância ao glifosato, o que permite aplicação em várias fases do cultivo do algodão.
Essa é a 12; variedade transgênica aprovada pelo órgão técnico para a produção algodoeira no país. O presidente do Instituto Matogrossense do Algodão (IMA), Álvaro Salles, acredita que a nova tecnologia será uma solução mais barata e menos restrita do que as usadas anteriormente. Segundo Salles, atualmente, poucos produtores de algodão aplicam produtos como a soja Roundup Ready (RR) que tem o uso restrito à fase inicial do cultivo. Já em relação ao Algodão Liberty Link, ele afirma que ;resolveu muitos problemas na produção, mas é um produto caro;.
O custo da tecnologia Bollgard II Roundup Ready Flex é um terço do investimento feito com o Liberty Link (US$ 15). Salles acredita que essa economia, associada aos efeitos da variedade, explica o uso em mais de 80% da produção norte-americana e australiana de algodão.
;No Brasil a gente acredita que vai crescer rapidamente;, disse Salles, ao lembrar que o processo pode demorar ainda mais do que um semestre, considerando que os produtores ainda terão que multiplicar as sementes. ;Hoje o produtor usa outros herbicidas de custo elevado e de relativa agressão ao meio ambiente. A nova tecnologia vai facilitar esse manejo. Agora, o quanto vai facilitar, depende de quanto será cobrado pelos direitos tecnológicos;, acrescentou.
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) estima que a produção do algodão nesta safra vai alcançar 1,8 milhão de toneladas, prejudicada pela estiagem na Bahia e pela chuva em Mato Grosso, os dois maiores produtores de algodão do país. ;Pode faltar algodão em março e abril. Nesta conta, temos a exportação de 1 milhão de toneladas e o consumo interno de 900 mil toneladas. A conta não fecha;, avaliou Sérgio De Marco, presidente da Abrapa.
Com preços internos em queda (R$52/arroba), De Marco afirma que o cenário atual aponta para uma perda de 30% da área plantada. ;É mais lucrativo plantar soja e milho;, acrescentou o produtor que critica o ;atraso tecnológico de dez anos do Brasil, em relação aos Estados Unidos e à Austrália;.
;[A nova tecnologia] será ótima para o produtor e para a indústria têxtil que vai ter algodão de melhor qualidade. A qualidade vai melhorar muito porque é mais fácil para o produtor trabalhar com uma lavoura limpa. Quanto à produtividade, fica um ponto de interrogação, mas tudo indica que também pode aumentar;, destacou.
O presidente da CTNBio, Flávio Finardi, explica que a liberação comercial do Bollgard II Roundup Ready Flex ainda depende de aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança, composto por 11 ministros do governo. ;Esse terceiro produto [cruzamento de duas variedades transgências anteriormente aprovadas pela CTNBio] reúne a resistência a ataque de insetos e tolerância a herbicidas. Vai existir chance de manejo mais adequado no combate a pragas e a ervas daninhas. Esse tipo de ferramenta, que vai estar na própria planta, é uma vantagem;, disse.