Ailton Magioli
postado em 27/08/2012 07:58
Belo Horizonte ; Quando especialistas da Fundação Biodiversitas chegaram à Estação Biológica de Canudos, na Bahia, para iniciar os estudos sobre preservação da arara-azul-de-lear, havia apenas 50 espécimes soltos na natureza. Hoje, segundo cálculos da equipe liderada pela bióloga Érica Pacífico, esse número ultrapassa mil, apesar da seca que atinge a região constantemente e prejudica a reprodução dos animais da espécie Anodorhynchus leari. ;A principal ameaça à arara, no entanto, é o tráfico;, lamenta Gláucia Drummond, superintendente-geral da ONG ambientalista, sediada em Minas Gerais, lembrando que a beleza da ave acabou atraindo o interesse do mercado ilegal de animais silvestres.
Sob orientação de Luiz Fábio Silveira, doutor em ciências biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), Érica Pacífico e sua equipe, formada por dois biólogos assistentes, dois guias de campo e um guarda-parque, acompanharam a reprodução da espécie por cerca de quatro anos, descobrindo que, em período de chuvas abundantes, as araras têm sucesso reprodutivo grande. O objetivo é usar o resultado da pesquisa para a reprodução em cativeiro. Na natureza, normalmente sobrevive um filhote por ninho, segundo o relato de Érica, que atribui à competição da própria espécie uma das causas da ameaça de extinção da arara-azul-de-lear, uma ave cada dia mais rara no mundo. Como na fase adulta ela também é uma ameaça aos milharais da região, a própria população vem recebendo educação ambiental para pôr fim à ;raiva; da qual as aves costumam ser vítimas.
Achado
O grande achado da pesquisa feita por Érica Pacífico e sua equipe foi descobrir a profundidade (18m, em média) dos ninhos da arara-azul-de-lear. Segundo a bióloga, ao contrário de outras espécies, que abrem buracos em árvores para botar os ovos, a Anodorhynchus leari encontra cavidades naturais nos paredões de arenito, que usam para reproduzir. ;Trata-se de uma estratégia de proteção da prole;, explica Érica.