Paloma Oliveto
postado em 06/09/2012 08:00
Nove anos atrás, quando o Projeto Genoma Humano foi finalizado, construiu-se a biblioteca da vida. Apesar de todo o entusiasmo da comunidade científica, porém, uma das constatações foi perturbadora: as prateleiras estavam quase vazias. Apenas pouco mais de 1% das 3,2 bilhões de letras que formam o DNA fabricavam proteínas, a substância essencial para o funcionamento do organismo. Os 98% restantes eram, aparentemente, inúteis. Por isso, ganharam o nome de ;DNA lixo;. Desprezar a maior parte do material genético, contudo, não fazia sentido. Em 2007, um consórcio formado por 442 cientistas de 31 laboratórios ; nenhum do Brasil ; tirou da lixeira as sequências aparentemente não funcionais. O que se descobriu foi tão impactante quanto o sequenciamento total do genoma, finalizado em 2003.Os primeiros resultados do Projeto Encode (abreviação, em inglês, para Enciclopédia dos Elementos do DNA) estão publicados hoje em mais de 30 artigos, distribuídos pelas revistas científicas Nature, Science, Genetic Research e Genome Biology. Os cientistas analisaram 147 diferentes tipos de células e revelaram que 80% do genoma é formado por moléculas que regulam o funcionamento genético. Elas não criam proteínas, mas dão as ordens para que os genes façam isso. ;O genoma é como um painel de interruptores em uma sala cheia de luz. Exceto pelo fato de que há dezenas de lâmpadas e quase 1 milhão de interruptores;, compara Job Dekker, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts e um dos pesquisadores do projeto.