Ciência e Saúde

Copa de 2014 vai emitir mais de 11 milhões de toneladas de gás carbônico

Agência France-Presse
postado em 10/09/2012 20:38
A Copa do Mundo de Futebol de 2014 vai resultar na emissão de mais de 11 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente, de acordo com estudo divulgado nesta segunda-feira (10/9) pela consultoria Personal CO2Zero. Além do próprio evento esportivo, o estudo considera a etapa de preparação, incluindo a construção e reforma de estádios, a infraestrutura do entorno e o deslocamento internacional.

A quantidade equivale a 46.946 hectares de floresta para sequestro futuro de carbono, cerca de 34,5% do Pantanal, ou ao consumo de energia de 181.254 domicílios brasileiros pelo período de um ano. ;Nós estamos falando aí de um terço do Pantanal;, destacou Daniel Machado, consultor responsável pelo estudo.

De acordo com o estudo, entre as cidades mais emissoras estão São Paulo, Salvador, Natal e Rio de Janeiro. Juntas, elas respondem por 56,7% das emissões estimadas. A cidade que menos polui, de acordo com o relatório, é Recife.

Considerando somente os dias dos jogos no Brasil, os deslocamentos das delegações e do público dentro do país, as emissões alcançarão mais de 3 milhões de toneladas. Segundo o relatório, isso equivale a mais de 12 mil hectares de floresta ou a 9,3% do Pantanal.

O estudo considera que as 3,6 milhões de pessoas esperadas para a Copa, das quais 3 milhões são brasileiros e 600 mil estrangeiros, provocarão emissões de mais de 5 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente.

;A nossa maior preocupação não é apenas citar que as emissões sejam dessa monta, mas, principalmente, auxiliar na busca de mitigação;, disse Machado, que pretende encaminhar o relatório ao Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014 e para o Ministério do Esporte.



A sustentabilidade da Copa 2014 será debatida nos próximos dias 12 e 13, em Brasília, por representantes das 12 cidades-sede que apresentarão estudos de caso de sustentabilidade a partir das intervenções urbanas já em curso nos municípios.

De acordo com o relatório, a atividade da construção civil, por exemplo, englobando estádios, mobilidade urbana e infraestrutura em aeroportos, deverá responder pela emissão de mais de 5 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente. Isso significa 40,9% do total de emissões ou 0,3% durante o evento. Para mitigar esse impacto, o estudo propõe o uso de matéria-prima alternativa e a adoção de processos produtivos mais sustentáveis. ;A busca por materiais em raio inferior a 800 quilômetros do estádio pode fazer diferença;, disse Machado.

No caso dos transportes, o estudo aponta a utilização de biocombustíveis, em especial na aviação e, no longo prazo, investimentos no modal ferroviário. A previsão é que a área de transportes seja responsável pela emissão de 2 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente, o que corresponde a 42,9% das emissões totais ou a 67,1% das emissões durante os jogos.

O relatório aponta ainda propostas na área da alimentação, como o fomento de alimentos orgânicos e locais. Na área de energia, o estudo defende o uso de fontes renováveis. ;Quando a gente faz isso, a primeira preocupação é reduzir ao máximo possível essas emissões. O segundo passo é, sabendo quanto você emitiu ou está emitindo, neutralizar as emissões para tornar esta Copa um evento verdadeiramente sustentável. Ou sustentável com lastro;.

Outro dado levantado leva em consideração a vida útil dos estádios, considerando um período de 30 anos como parâmetro e o número de jogos que serão realizados no local. Nesse caso, o Castelão, em Fortaleza, com seis jogos, deverá ser o maior emissor da Copa, com 197,98 toneladas de gás carbônico equivalente. Já o estádio mais sustentável durante a Copa, de acordo com o relatório, será a Arena Pantanal, localizada em Cuiabá (MT). A previsão é de que sejam emitidos, neste caso, 37,70 toneladas de gás carbônico equivalente nos quatro jogos que sediará.

Por modais de transporte, o aéreo foi indicado como o maior agente de emissão durante a Copa, respondendo por 60% dos gases de efeito estufa. ;Quando você considera as obras das arenas mais a infraestrutura, o transporte aéreo vai ser o segundo maior emissor, perdendo apenas para a construção civil;, ressaltou Machado.

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