Há alguns mitos a serem derrubados em relação aos fatores de risco para doenças cardiovasculares. Um deles é a inocência da barriguinha de chope, até então livre de muitas preocupações, desde que a pessoa fosse magra. Porém, estudo recente da organização norte-americana Clínica Mayo realizado com 12.785 pessoas revelou que aquelas com gordura acumulada na região abdominal, mesmo estando no peso ideal, correm mais risco de morrer em decorrência de doenças cardiovasculares do que obesos com distribuição uniforme da gordura no corpo. O risco de morte foi 2,75 vezes maior em pessoas com obesidade abdominal em comparação com quem tinha a circunferência normal, mesmo ambos os grupos estando com índice de massa corporal (IMC) normal. O tempo médio de acompanhamento foi de pouco mais de 14 anos e, nesse período, houve 2.562 mortes, entre as quais 1.138 relacionadas a problemas cardiovasculares.
Luiz Vicente Berti, cirurgião do aparelho digestivo e diretor do Centro de Cirurgia Obesidade e Metabólica, de São Paulo, esclarece que o estilo de vida da atualidade, que leva a população a ser mais sedentária e a ingerir mais alimentos industrializados, favorece a obesidade abdominal. ;Os alimentos industrializados são de digestão mais fácil. Com isso, as pessoas comem mais e, sem prática de atividades físicas e, consequentemente, menos gasto de energia, há um acúmulo muito grande de gordura no abdômen, o que compromete os órgãos presentes nessa caixa.;