Ciência e Saúde

Música pop perdeu a riqueza de acordes e timbres nas últimas décadas

Bruna Sensêve
postado em 30/09/2012 12:51

De Bill Haley and His Comets, Elvis Presley e Beatles até Shakira, Rihanna e Lady Gaga. Basta ouvir algumas canções desses artistas, todos muito bem-sucedidos em suas épocas, para perceber que a música pop mundial mudou muito nas últimas seis décadas. Alguns dizem que para pior. Outros, para melhor. A máxima ;gosto não se discute; poderia colocar um ponto final na discussão, mas um grupo de pesquisadores espanhóis quis ir um pouco além do debate baseado apenas na opinião de fãs e críticos e decidiu investigar como alguns detalhes técnicos das canções de sucesso se transformaram ao longo do tempo. Concluíram, então, que as músicas mais ouvidas no mundo foram perdendo gradualmente a variação de notas e timbres. Também perceberam que o volume das gravações aumentou consideravelmente.

Para chegar a essa conclusões, uma equipe do Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha utilizou uma base de dados composta de 464.411 gravações musicais lançadas entre 1955 a 2010. Para ouvir todo esse material, os cientistas precisariam trabalhar por 1.200 dias ininterruptamente, sem contar a etapa de análise e comparação entre as várias obras. Para tornar o desafio possível, eles tiveram ajuda de computadores munidos de um algoritmo especial capaz de identificar nas obras três facetas musicais primárias e complementares, que foram denominadas pelos pesquisadores de volume, timbre e acordes.

O primeiro aspecto corresponde à amplitude do som, ou simplesmente, o quão alta é a gravação. Em relação ao timbre, o programa de computador analisou as diferentes texturas do som, levando em consideração os tons, os tipos de instrumentos e as técnicas de gravação, entre outros aspectos. A última faceta diz respeito ao conteúdo harmônico da peça, incluindo o refrão, a melodia e os arranjos. A cada compasso (medida de tempo da música), o programa contabilizava as variações desses três aspectos. Dessa forma, os pesquisadores obtiveram dados quantitativos e objetivos sobre quase meio milhão de peças musicais. ;Ao tomar grandes quantidades de peças musicais reais e convertê-las em números e símbolos que são posteriormente analisados por computadores, podemos aprender muita coisa sobre a música que antes era impossível de observar ou descobrir;, afirma Joan Serrà, um dos autores do estudo.

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