Ciência e Saúde

Por presença de pessoas, tigres-de-bengala do Nepal alteram hábitos

Paloma Oliveto
postado em 02/10/2012 09:00

Em um planeta habitado por mais de 7 bilhões de pessoas, está cada vez mais difícil encontrar espaço para animais selvagens. Mesmo com a criação de santuários e reservas naturais, o problema não foi resolvido ; nas fronteiras entre os parques e os povoados, é quase impossível evitar o encontro entre seres humanos e bichos, algo que pode ser ruim para ambos. Uma experiência no Parque Nacional de Chitwan, no Nepal, contudo, mostrou que essa convivência pode ser alcançada.

A área de 932km; abriga diversas espécies, incluindo cerca de 121 exemplares de tigres-de-bengala. Eles não estão sozinhos nesse paraíso, emoldurado pela Cordilheira do Himalaia. Além das cercas, existem povoados, com uma densidade de até 255 habitantes por quilômetro quadrado, 20% a mais do que o observado há uma década. A menos de 10km, fica a cidade de Bharatpur, onde vivem cerca de 100 mil pessoas.

Além dos moradores vizinhos, há uma movimentada estrada próxima ao parque e, mesmo dentro da reserva, o fluxo de seres humanos é intenso. Em um país pobre e com mais da metade da população analfabeta, pessoas entram no hábitat dos bichos para coletar produtos naturais, como forragem para o gado e madeira para combustível. O turismo, uma das principais fontes de renda nepalesa, leva dezenas de pessoas todos os dias para dentro do parque. Os tigres também são incomodados por seus protetores, guardas que fazem a ronda diária para reprimir a caça e a extração madeireira ilegais.

Com tanta invasão de privacidade, os felinos encontraram uma forma de não ficarem tão expostos. Eles se tornaram animais noturnos, caçando e acasalando longe da luz do dia. Quem descobriu isso foram pesquisadores do Centro para Sistemas de Integração e Sustentabilidade (CSIS) da Universidade do Estado de Michigan. Jianguo Liu, diretor do centro, e seu aluno de pós-doutorado Neil Carter viajaram até o Nepal para estudar a relação entre os animais e as pessoas. Carter montou câmeras para detectar o movimento dos tigres, das presas e dos seres humanos, tanto dentro do parque quanto em áreas contíguas.



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