São Paulo ; Um levantamento com pacientes do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia indicou que 40% das crianças obesas abandonaram o tratamento na metade. Para o diretor de nutrição do instituto, Daniel Magnoni, o resultado indica as dificuldades de manter esses pacientes na rotina do tratamento.
;Manter o adulto já é muito difícil, porque nós temos envolvimento social, cultural, profissional. Na criança, não tem o profissional, mas é difícil fazer uma dieta adequada no dia a dia, com a merenda escolar completamente fora de controle e a possibilidade do fast food;, explicou. A pesquisa avaliou 51 crianças e adolescentes que estavam em tratamento no instituto.
Entre as crianças que abandonaram o tratamento, os fatores de risco relacionados à obesidade aumentaram em um terço delas. ;Abandonar o tratamento pressupõe um risco muito grande de doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, acidente vascular cerebral;, alerta Magnoni.
Para combater o aumento da taxa de obesidade verificada nos últimos anos, Magnoni defende a inclusão da educação nutricional no currículo escolar. A Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2009 (POF) indica que, na faixa de 10 a 19 anos, 21,7% dos brasileiros têm excesso de peso. Em 1970, o índice era 3,7%.
Segundo o especialista, o aumento está relacionado às mudanças de hábito ocorridas ao longo dos anos. ;As crianças de hoje são muito presas em casa, não andam de bicicleta, nem jogam futebol. Temos também um aumento do consumo de alimentos muito calóricos, a facilidade do acesso a alimentos industrializados.;
Maus hábitos dentro de casa ajudam a reforçar o problema, ressalta Magnoni. ;Grande parte das crianças é filho e neto de pacientes com doenças cardiovasculares, obesidade e hipertensão. Isso mostra a necessidade de você atuar combatendo a obesidade das crianças;, destaca. ;A criança é o melhor professor dos seus pais no estilo de vida saudável;, reforçando a importância da educação nutricional nas escolas.