Paloma Oliveto
postado em 07/11/2012 10:20
É comum espectadores chorarem durante um filme triste, mesmo sabendo que se trata apenas de ficção. O mecanismo é o mesmo que está por trás da angústia que um brasileiro sente ao ver fotografias de crianças feridas na guerra civil síria, apesar de viver a mais de 10 mil quilômetros de Damasco. Essa habilidade de se identificar com o outro e ser sensível aos sentimentos alheios é a empatia, um fenômeno estudado por filosofias, religiões e, mais recentemente, pela medicina. Lesões em determinadas regiões do cérebro podem explicar por que alguns indivíduos têm mais dificuldade em se colocar no lugar dos demais, algo que pode levar a comportamentos antissociais.;Muitas evidências que temos a partir da neuroimagem sugerem que observar uma pessoa com dor, ou outro tipo de sentimento, ativa, em quem está vendo, regiões do cérebro chamadas córtex insular anterior e córtex cingulado anterior. Mas até agora não tínhamos certeza sobre o papel que elas desempenham na empatia, nem se eram ;necessárias; para a percepção da dor alheia;, diz Patrick R. Hof, coautor de um estudo sobre o tema, publicado na revista Brain. A pesquisa, que avaliou pessoas saudáveis e com lesões cerebrais de diferentes tipos, concluiu que a área mais ligada ao processo de empatia é o córtex insular anterior.
Neurologista do Hospital Mount Sinai, nos Estados Unidos, Hof afirma que o conhecimento das áreas exatas implicadas nesse processo pode ajudar a desenvolver tratamentos para pacientes que sofrem de doenças neuropsiquiátricas caracterizadas por deficits da interação social. ;Agora que sabemos quais são os mecanismos cerebrais associados à empatia, podemos traduzir essas descobertas para tratar de problemas como o autismo e a demência frontotemporal;, acredita.