postado em 13/11/2012 15:41
Rio de Janeiro - A sustentabilidade dos oceanos é um dos principais temas de debate do 5; Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO;2012), que será aberto nesta terça-feira (13/11) à noite, no Rio de Janeiro. O presidente do congresso, Carlos Leandro da Silva Júnior, vice-presidente da Associação Brasileira de Oceanografia (Aoceano), defendeu controle ambiental na área de exploração do pré-sal.;A gente tem visto aumento da produção de petróleo e a discussão no Congresso em torno da divisão dos royalties do petróleo, mas ninguém bota a questão ambiental no âmbito do pré-sal. Ou seja: o que está se fazendo na realidade para um bom monitoramento ambiental da região que ninguém conhece?;.
Leandro enfatizou a necessidade de se evitar o que ocorreu na Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro. Ali, disse, os trabalhos de exploração e perfuração começaram a ser efetuados antes da realização de estudos ambientais. Com isso, perderam-se as referências de como era o ambiente naquele local, indicou o presidente do CBO;2012.
Ele ressaltou a importância da linha base do processo de conhecimento, para evitar consequências negativas no futuro. ;Como você vai preservar uma coisa que não conhece?;, indagou, para acrescentar: ;A gente acha que antes de começar a produção e os investimentos, a preocupação deveria ser a realização de estudos em oceanografia para desenvolver o conhecimento na região, ter o mapeamento de tudo da área de biologia, de pesca, química, sísmica, para depois poder furar;. Prejuízos à flora e à fauna marinha serão abordados. ;Não se pode mitigar alguma coisa sem conhecer antes;, reiterou.
Outra preocupação diz respeito à questão das energias renováveis nos oceanos. Isso envolve, segundo o presidente do congresso, a geração de energia a partir das ondas e a energia eólica no mar. ;São temas que têm de ser discutidos;. Os corais encontrados em águas profundas e os impactos das mudanças climáticas nos corais são outros temas que serão debatidos durante o encontro, que se estenderá até o próximo dia 16.
[SAIBAMAIS]Carlos Leandro salientou, ainda, a questão da gestão e da segurança dos portos. ;Em um país como o nosso, que precisa crescer, porto é fundamental do ponto de vista de exportação e importação. O Brasil precisa ter bons portos, com segurança operacional, com conhecimento das áreas do entorno;. É preciso que os portos estejam preparados para grandes acidentes, com planos de emergência para as áreas, defendeu.
O monitoramento e a mitigação de vazamentos de óleo no mar serão examinados durante o congresso, para evitar que incidentes possam vir a afetar, inclusive, outros países, alertou o vice-presidente da Aoceano. É preciso, reforçou, que as pessoas atentem para o fato que o Brasil tem 8 mil quilômetros de costa e vejam a importância das espécies do oceano profundo e não somente das praias. ;Tem que ver a importância do oceano no seu aspecto mais amplo;.
Além de workshops, visando à elaboração de propostas que serão encaminhadas à sociedade, o congresso contará com palestras de especialistas e apresentação de 1.360 trabalhos científicos. O evento conta com apoio da Marinha, da Petrobras, da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Está prevista palestra sobre a importância da oceanografia para a estratégia da Marinha. Durante o congresso, serão comemorados os 35 anos do curso de oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
O CBO;2012 objetiva apresentar novos conhecimentos por meio de pesquisas técnicas e científicas na área dos oceanos. Esta é a primeira vez que o evento é promovido no Rio de Janeiro, estado considerado pela Aoceano uma referência no Brasil no que tange a questões no mar.
Em paralelo, ocorrerá a 7; Feira Técnico-Científica Brasil Oceano, para apresentação, promoção e comercialização de novos produtos, serviços e tecnologias. Leandro revelou que a feira pretende estimular alunos do segundo grau de escolas públicas e privadas a conhecerem equipamentos usados em oceanografia, entre os quais um radar que mede correntes remotamente. A feira destaca também projetos ambientais desenvolvidos por organizações não governamentais (ONGs). ;As ONGs não podem ficar fora do processo, porque além de formadoras de opinião, elas são uma forma de pressionar o setor produtivo a ter políticas ambientais;.