Bruna Sensêve
postado em 15/11/2012 10:31
Ponha um doce na mão de uma criança de 3 anos e verá ele desaparecer em poucos segundos. Mesmo prometendo que, caso ela espere no máximo 15 minutos, dobrará a quantidade de guloseima, é possível que ela não resista e engula tudo de uma vez só, abrindo mão da delícia extra. Poucas foram capazes de controlar essa impulsividade durante os experimentos conduzidos pelo cientista norte-americano Walter Mischel, na década de 1960, hoje conhecido como o clássico teste do marshmallow. A habilidade de esperar daquele pequeno número de jovens que conseguiram resistir à tentação estaria, segundo ele, ligada ao sucesso na vida adulta.Agora, uma revisão do teste do marshmallow realizada por pesquisadores da Universidade de Rochester, em Nova York, traz novas conclusões ao clássico experimento: o exemplo e a confiança da criança no ambiente que a rodeia pode exercer tanta ou mais influência que a impulsividade própria dos pequenos. A principal autora do estudo, Celeste Kidd, conta que a hipótese de medir a interferência da confiabilidade do ambiente nos resultados do teste surgiu quando ela trabalhou como voluntária em um abrigo para famílias na cidade de Santa Ana, na Califórnia.
Ao ler sobre estudos desse tipo, ela imaginou primeiramente que todas as crianças que ela observava no abrigo comeriam o doce imediatamente. Depois de algumas semanas, percebeu que o local não permitia que pertences pessoais fossem mantidos de forma segura, já que as famílias compartilhavam uma grande área aberta. Quando um pequeno tinha um brinquedo ou um doce, havia o risco real de outra criança, maior e mais rápida, se apoderar do objeto. Frente a essa situação, ela começou a questionar a capacidade de autocontrole como um único marcador inato. ;Se você está acostumado a ter as coisas retiradas de você, a espera não é uma escolha racional. Então, pensei que o teste do marshmallow poderia estar relacionado ao que a criança entende como um ambiente estável ou não.;