Ciência e Saúde

Popol Vuh, o livro sagrado dos maias, narra a criação do mundo

Agência France-Presse
postado em 18/12/2012 15:21

Cidade da Guatemala - Antes de terra existir, tudo era silêncio e escuridão, só existiam o céu o e mar em calmaria até que os progenitores Tepeu e Gucumatz entraram em acordo e criaram as árvores, os animais e o homem. Assim foi concebido o mundo segundo o Popol Vuh, livro sagrado dos maias, referência histórica da espiritualidade, filosofía e identidade dos povos descendentes dessa civilização na América Central e sul do México, e cujo calendário está despertando temores apocalípticos em muita gente.

Segundo o Popol Vuh, os criadores queriam ter alguém que os louvasse. Então fizeram um homem de barro. Mas ele não podia andar, nem se multiplicar e se desfez, narra o livro que se acredita que foi escrito em meados do século XVI no idioma maia k;iche;. Então os criadores o fizeram com madeira. Mas os homens, ainda que se multiplicassem, não tinham entendimento e se esqueceram de seus progenitores, e por isso foram destruídos.

"Chegou o tempo de amanhecer, de terminar a obra", disseram Tepeu e Gucumatz. Então Yac (gato-montês), Utiú (coiote), Quel (maritaca) e Hoh (corvo) levaram o milho branco e amarelo e de suas espigas foram criados os homens, relata o texto. O Popol Vuh, que significa Livro do Conselho ou Livro da Comunidade, fala da visão do mundo e espiritualidade dos maias que habitaram o sul do México, Guatemala, Honduras, El Salvador e Belize, cujos descendentes comemoram na próxima semana o fim de uma era de 5.200 anos, segundo seu calendário.



Algumas interpretações fizeram crer que esse dia será o fim do mundo, algo que os mesmos líderes indígenas e especialistas desmentem. Apesar disso, atrai a atenção para tudo relacionado à cultura maia. Apesar de, desde 1972, o Popol Vuh ostentar o título de Livro Nacional da Guatemala, apenas em agosto passado ele foi declarado pelo governo como Patrimônio Cultural Intangível da Nação.

Sua origem é um enigma e segundo historiadores a primeira versão do texto, elaborada na língua k;iche; por indígenas cristianizados, permaneceu oculta até 1701, quando o sacerdote espanhol Francisco Ximénez fez uma tradução para o castelhano. O manuscrito de Ximénez contém o texto mais antigo conhecido do Popol Vuh, mas se desconhece o nome do autor essa primeira versão.

O Popol Vuh também conta as aventuras dos deuses gêmeos Hunahpú e Ixbalanqué, que venceram em um jogo de bola os senhores de Xibalbá, e por isso foram convertidos no Sol e na Lua. O livro maia atualmente é encontrado na biblioteca Newberry, em Chicago, Estados Unidos, mas deputados guatemaltecos anunciaram em 13 de dezembro que vão tentar recuperá-lo para expô-lo em um museu no município indígena de Chichicastenango, no oeste do país.

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