Ciência e Saúde

DNA do algodão é decifrado e cultivo poderá ser mais produtivo e resistente

Pesquisa internacional, que contou com a participação da Embrapa e da UFRJ, sequencia o genoma da espécie comercial da planta

Marcela Ulhoa
postado em 22/12/2012 09:40
Após mais de 10 anos de dedicação, um grupo de pesquisadores internacionais anunciou nesta semana o sequenciamento total do genoma do algodão. Os resultados foram publicados na revista científica Nature, em um artigo com participação de diversas instituições ao redor do mundo, incluindo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com isso, os cientistas esperam melhorar a qualidade do algodão cultivado, tornando-o mais rentável e mais resistente a doenças e condições climáticas severas.

A partir do sequenciamento da espécie comercial do algodão, a pesquisa permitiu a criação de um catálogo que revela os mistérios do DNA da planta. ;Conseguimos reunir um grande número de dados que podem se desenrolar em várias outras descobertas. São muitas as aplicações que podem surgir daí;, avalia Lucia Hoffmann, pesquisadora da Embrapa e membro da equipe internacional de pesquisadores responsáveis pelo trabalho.

Plantação de algodão: resultados do sequenciamento deverão ser sentidos a médio e longo prazo, com o melhoramento da planta
Segundo Hoffman, para o Brasil, um dos principais ganhos do mapeamento é a possibilidade de descobrir marcadores genéticos que ajudem a combater as doenças do algodão. ;No Brasil, nossas plantações sofrem muito com a ramularia areola, uma doença fúngica, e também com a chamada doença azul do algodoeiro, causada por vírus. Existe uma perda de produção bastante grande e um aumento nos custos com a aplicação de fungicidas, por exemplo;, explica a especialista. Com o detalhamento do DNA da espécie, cientistas de todo o mundo poderão localizar mais facilmente o gene relacionado à resistência às doenças e, dessa forma, trabalhar em laboratório para cruzar as características genéticas desejáveis para melhorar a adaptação da planta para cada contexto específico. O catálogo será disponibilizado para toda a comunidade científica e servirá como um guia para os experimentos de laboratório.

Pesquisa internacional, que contou com a participação da Embrapa e da UFRJ, sequencia o genoma da espécie comercial da planta

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