Durante cerca de quatro séculos, os negros no Brasil tinham que permanecer em silêncio. Ao expressarem sua dor e sofrimento, ou suas alegrias e tristezas, eram, muitas vezes, punidos com castigos físicos e psicológicos. Até hoje, o silêncio a que a população negra era submetida surge quando o assunto é escravidão. Discutir o tema é algo delicado, que mexe em feridas ainda abertas. A pobreza, a fome, as epidemias e uma série de mazelas que atingem com mais violência os afrodescendentes estão relacionadas aos séculos de exploração - quando negros não eram considerado humanos - e ao período de abandono que se seguiu à Lei Áurea, em 1888, quando os homens e as mulheres tornados livres foram deixados à própria sorte, sem políticas de promoção de cidadania.
Muita gente que caminha frente ao Conic, no Setor de Diversões Sul, passa alheia ao busto de bronze localizado no meio da praça em frente ao prédio. O homem negro homenageado ali é Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, um dos maiores focos de resistência contra a escravidão. O descaso e o desconhecimento sobre o monumento, localizado no centro da capital do país, é um exemplo do que ocorre no Brasil e em várias outras nações: pouco se estudam e se discutem os reflexos da escravidão.