Ciência e Saúde

Lidar com deficientes ainda é um desafio, mas a tarefa é dignificante

postado em 25/12/2012 08:32
Pedro (E) e Luiz Felipe, com a irmã, Maria Paula: a musicoterapia ajudou os meninos, autistas, a conviverem bem com a família

Há 20 anos, César Achkar percebeu que sua capacidade visual estava, aos poucos, diminuindo. Ele, contudo, não deu atenção ao desconforto. Tinha 28 anos, estava casado, fazendo o curso de arte que sempre desejara e cuidando dos três filhos. Mas o que ele achava ser uma simples miopia era, na verdade, um quadro de baixa visão que mudaria completamente sua vida e a forma de lidar com a família e com o trabalho. A necessidade de se adaptar a uma nova maneira de viver também afetou o policial Paulo Rodrigues dos Reis, desde que o autismo dos filhos Pedro e Luiz Felipe foi diagnosticado. Um desafio semelhante ao encarado por Janete Torres, que deu à luz Anna Flávia, portadora da síndrome de Down. Em comum entre os três, está a força de reagir a uma dificuldade imposta pelo destino com coragem e sem perder o gosto pela vida e a certeza de que o convívio com as diferenças é algo plenamente realizável.





Não que o caminho até essa compreensão tenha sido fácil. A perda progressiva da visão fez com que César, hoje com 48 anos, se isolasse e abandonasse muitos projetos, como o de estudar artes visuais, durante sete anos. Até que começou a agir. ;Fui procurar um centro de ensino aos 35 anos. Foi um período longo entre perder a visão e me reabilitar. No dia em que pisei na escola, comecei a lutar pela inclusão. A equipe do centro de ensino, com psicólogos e outros profissionais, me falou que eu não ia aprender braile, porque não precisava, mas ia aprender a mexer (sem usar a visão) em computador e outras coisas;, comenta ele, que hoje preside a Associação Brasiliense de Deficientes Visuais (ABDV).

César chegou a abandonar o curso de artes quando perdeu a visão:

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