Agência France-Presse
postado em 10/01/2013 19:01
Nairóbi - Comunidades de países em desenvolvimento estão enfrentando maiores riscos sanitários e ambientais vinculados à exposição ao mercúrio, alertou nesta quinta-feira (10/1) o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas."O mercúrio se mantém como um grande desafio global, regional e nacional em termos de ameaça à saúde humana e ao meio ambiente", afirmou o diretor do Pnuma, Achim Steiner.
Partes de África, Ásia e América do Sul poderiam ver um aumento das emissões de mercúrio no meio ambiente, referente sobretudo ao uso do metal pesado no garimpo em pequena escala e na queima de carvão para geração de eletricidade.
Esta exposição "representa uma ameaça direta para a saúde de 10 a 15 milhões de pessoas diretamente envolvidas na mineração do ouro em pequena escala, sobretudo em África, Ásia e América do Sul", informou o Pnuma.
O anúncio se antecipa a uma grande conferência sobre o mercúrio, a ser celebrada em Genebra na próxima semana, e que visa a concluir discussões sobre um tratado global para minimizar os riscos da exposição ao mercúrio.
Novos relatórios do Pnuma, que serão publicados na conferência de Genebra, dizem que as emissões de mercúrio decorrentes da mineração artesanal sozinha dobraram desde 2005, devido em parte em melhor informação e na elevação dos preços do ouro.
Steiner disse esta quinta-feira que um estudo realizado pelo Instituto Blacksmith, grupo com sede em Nova York que limpa locais contaminados, demonstra que um dispositivo de menos de US$ 10 pode ser usado para aprisionar 90% ou mais do mercúrio usado no garimpo.
As principais barreiras ao uso destes métodos mais seguros são condições sócio-econômicas e a baixa conscientização dos riscos vinculados ao mercúrio, destacou o Pnuma em um comunicado.
Os novos estudos da ONU representam o primeiro relatório global das emissões de mercúrio em rios e lagos.
"Nos últimos 100 anos, as emissões antrópicas fizeram a quantidade de mercúrio a cem metros de profundidade dobrar nos oceanos do mundo. Concentrações em águas mais profundas aumentaram 25%", acrescentou a agência, destacando que grande parte da exposição humana ao mercúrio se deve ao consumo de peixe contaminado.
O envenenamento por mercúrio afeta o sistema imunológico e pode levar a problemas, incluindo distúrbios psicológicos, perda dos dentes e problemas nos tratos digestivo, cardiovascular e respiratório.
Os informes também destacam um aumento nos níveis de mercúrio no Ártico, onde 200 toneladas da substância são depositadas todos os anos.
"Devido à rápida industrialização, a Ásia é o maior emissor regional de mercúrio e responde por menos da metade de todas as emissões globais", destacou o comunicado do Pnuma.
Os estudos também ressaltam emissões significativas no ambiente, vinculadas com áreas contaminadas e o desmatamento. As descobertas mostram que uma estimativa de 200 toneladas de mercúrio - anteriormente mantidas em solos - são liberadas em rios e lagos.
O Comitê de Negociação Internacional sobre o Mercúrio será celebrado entre 13 e 18 de janeiro em Genebra.