Bruna Sensêve
postado em 15/01/2013 07:00
Farinha, ovos, óleo, açúcar, canela e leite formam a receita de um delicioso bolo. Se não fossem engolidos crus e de uma só vez. A mistura soa tão bizarra quanto legumes congelados com maionese, biscoito de chocolate com purê de batata ou açúcar com chantily, manteiga e gelatina. Essas misturebas que não chegam nem perto de serem apetitosas são apenas algumas das relatadas por estudantes a um grupo de pesquisadores da Universidade do Alabama em Birmingham, nos Estados Unidos. Em artigo publicado no Jornal Internacional dos Transtornos Alimentares, eles sugerem que o comportamento identificado entre os participantes do estudo é extremamente comum nas pessoas com transtornos alimentares que, ao agir dessa forma, vivenciam emoções parecidas às descritas por viciados em drogas.Cerca de 552 universitários responderam a um questionário quantitativo e qualitativo sobre comportamento alimentar. O objetivo dos pesquisadores era quantificar, pela primeira vez, a prevalência, a composição, as motivações, os relatos e as emoções que cercam essa mistura exótica e secreta de alimentos. Para tal, se basearam na ;hipótese de fome;, em que o comportamento de inventar combinações absurdas de alimentos estaria diretamente ligado ao nível de restrição alimentar do indivíduo.
Historicamente, a mistura bizarra de alimentos é comum entre vítimas, refugiados e prisioneiros de guerra em situação de fome natural extrema. Em tais condições de desespero, essas pessoas relataram fazer misturas repugnantes e venenosas de plantas daninhas, cascas, barro e esterco, por exemplo. Nesse caso, claramente, a fome e a indisponibilidade descontrolada de alimentos motivam a mistura. A combinação seria, portanto, um meio de sobrevivência. No entanto, curiosamente, os pesquisadores observaram que a combinação de alimentos também é observada em situações em que a sobrevivência não está em jogo.