Agência France-Presse
postado em 17/01/2013 17:47
Paris - Com o intestino em "U" e o ânus perto da boca, rodeado de pequenos tentáculos, o animal marinho pré-histórico denominado "Cotyledion tylodes" pode estar em condições de mudar um aspecto da árvore evolutiva das espécies marinhas.O "Cotyledion tylodes" foi descrito pela primeira vez em 1999, após ter sido descoberto nas jazidas de Chengjiang (sul da China), um local rico em fósseis do período cambriano (de 540 a 485 milhões de anos atrás), quando diferentes formas de vida se diversificavam de forma súbita na Terra.
A princípio, o animal marinho foi estudado a partir de apenas dois espécimes incompletos e os cientistas não poderiam vinculá-lo a nada conhecido.
Recentemente, outras descobertas de "Cotyledion", melhor preservados, tornaram possível identificar um círculo de tentáculos ao redor de seu "cálice".
Faltou pouco para que o pequeno animal fosse catalogado como um ancestral distante dos cnidários, filo de animais aquáticos do qual fazem parte os corais, as anêmonas e as águas-vivas.
Uma equipe internacional de cientistas, chefiada por Zhifei Zhang, paleontólogo da Universidade Chinesa de Xi;an, pesquisou ainda mais a estranha anatomia do "Cotyledion", analisando 400 novos espécimes. E sua interpretação, publicada na edição de quinta-feira da revista britânica Nature Scientific Reports, é muito diferente.
Os pesquisadores descobriram a presença de um "tubo digestivo em forma de ;U; que descarta sem qualquer dúvida qualquer relação do ;Cotyledion; com os cnidários e opta por relacioná-lo melhor com os lofotrocozoos", grupo de animais que engloba várias espécies, como os moluscos e as lombrigas, acrescentaram os cientistas.
Se o ;Cotyledion; for seu ancestral, isto significa que milhares de lofotrocozoos modernos começaram a evoluir desde a explosão do cambriano, há 520 milhões de anos, destacou o estudo.
Inclusive se o lugar exato do ;Cotyledion; na árvore das espécies continuar incerto, o animal pertenceria com maior precisão ao ramo dos "endoproctos", pequenos organismos que se nutrem capturando partículas suspensas na água, muitas espécies das quais ainda vivem nos oceanos.