Ciência e Saúde

Artigo de Jennifer David Sayles: "Bipolar, não louca"

postado em 19/01/2013 08:00
Quando a maior parte das pessoas ouve as palavras "transtorno bipolar", elas pensam em alguém que é louco. Elas tendem a acreditar que alguém que sofre desse distúrbio é incapaz de lidar com o "mundo real". Entretanto, esses pensamentos não podiam estar mais longe da verdade. Na realidade, você provavelmente conhece alguém que foi diagosticado com o distúrbio e nem sabe disso.

De acordo com o site Mayoclinic.com, o transtorno bipolar ; às vezes chamado distúrbio maníaco-depressivo ; "causa oscilações de humor que vão de baixos na depressão a altos na mania. Quando você fica deprimido, pode se sentir triste ou sem esperança e perde o interesse na maioria das atividades prazerosas. Quando o seu humor muda na outra direção, você pode se sentir eufórico e cheio de energia. Mudanças de humor podem ocorrer apenas algumas vezes por ano, ou tão frequentemente quanto várias vezes ao dia".

Saber que tenho transtorno bipolar me fez sentir uma magnitude de diferentes emoções. Tudo o que eu sabia na época era que eu não queria que ninguém mais soubesse sobre isso. Eu não queria que pensassem que eu era louca, porque não sou.

Veja, sou uma mãe muito "normal" de quatro meninas e uma esposa completamente "normal". (Claro que meu marido pode dar uma risada maligna quanto a isso;). Então, qual a diferença entre você e eu? Minhas emoções e humores vêm em ciclos.

Meu humor varia exatamente da mesma forma. Começa com a mania. Preciso de muito pouco tempo de sono durante essa fase e posso executar diversas tarefas por vez. Estou sempre feliz; talvez feliz até demais. Falo super rápido e até a forma que ando é diferente. Esse ciclo normalmente dura em alguma época entre uma semana e um mês.

Então, é tempo da terrível depressão. Começa com meu humor nem feliz nem triste. Não posso sorrir, embora também não fique de cara fechada. Mas sou incapaz de sair da cama. Me sinto desesperançosa, como se não estivesse contribuindo em nada com minha família ou com a sociedade. Eu preferiria me trancar num quarto escuro e dormir para o resto da vida. Por que? Pelo menos em meus sonhos posso ser normal. Minha casa fica uma bagunça e eu nem ligo. Perco um compromisso e não estou nem aí. Fico irritada facilmente e odeio quem sou durante esse ciclo, que dura cerca de um mês.

Finalmente, me estabilizo. É o "normal", igual a todo mundo. Tenho cerca de oito horas de sono. Minhas atividades do dia a dia não são excessivas. Meu humor é apropriado para qualquer situação e me sinto eu mesma. Sou uma pessoa positiva e relaxada. Esse ciclo geralmetne dura por bons meses.

Minha vida é igual à sua. Eu apenas preciso fazer alguns ajustes de acordo com o ciclo. Tenho um marido extremamente compreensivo e tomo meus remédios todos os dias. Ser bipolar não é fácil, mas faz a vida ser extremamente interessante!

* A americana Jennifer David Sayles é blogueira e publica artigos em diversos jornais e revistas

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