Belo Horizonte ; O surgimento da pílula anticoncepcional proporcionou uma revolução na vida das mulheres. Pela primeira vez, puderam decidir se e quando teriam filhos. Com pesquisas e tecnologia de ponta, uma nova revolução se apresenta não só para melhorar a segurança e a efetividade dos métodos contraceptivos, como ir além, oferecendo outros benefícios e reduzindo os efeitos colaterais.
As novidades em contracepção foram apresentadas durante o último Congresso Mundial da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo), em Roma, na Itália, no fim do ano passado. Segundo a ginecologista e professora da Universidade de Paiva na Itália Rossella Nappi, o grande avanço nos tratamentos orais está na mudança de conceito. ;Agora, está chegando ao mercado o contraceptivo oral combinado (COC) com estrogênio natural. É um medicamento que combina valerato de estradiol, que é bioequivalente, com dienogeste. O valerato de estradiol, no trato digestivo, é convertido a estradiol e mostrou-se tão ou mais confiável que outras pílulas. Estudos feitos na Europa e nos Estados Unidos apontaram índices de falha de 0,73% e 1,64%, respectivamente;, comemora Rossella.
Segundo Agnaldo Lopes da Silva Filho, professor titular de ginecologia da Universidade Federal de Minas Gerais e e participante do congresso, a contracepção deve ser tratada como política de saúde pública. ;Cerca de 40% das gravidezes no mundo não são planejadas. Dessas, 50% são interrompidas. Como em muitos países o aborto não é legal, muitas mulheres tentam fazê-lo sem a segurança hospitalar, o que aumenta os números de mortalidade materna. Mas mesmo quem mantém a gravidez acidental também acaba dando à luz crianças com baixo peso, altura e maior tendência a problemas psicológicos. O ideal é a mulher planejar a gravidez para preparar seu organismo;, explica.