Agência France-Presse
postado em 31/01/2013 19:47
Washington - Os abutres africanos voam longas distâncias e preferem se alimentar fora dos parques nacionais, expondo-se assim ao risco de intoxicação ao consumir carniça em zonas agrícolas, revelou um estudo recente.O estudo, que acompanhou seis abutres africanos-de-costas-brancas durante vários meses usando dispositivos GPS presos às costas das aves, foi divulgado na edição de quarta-feira da revista científica PLOS ONE, publicada pela Public Library of Science dos Estados Unidos.
Os cientistas descobriram que os abutres percorrem distâncias muito maiores do que se conhecia até agora, chegando a viajar até 220 km por dia e cruzando rotineiramente fronteiras nacionais.
As aves evitam se alimentar nos parques nacionais protegidos porque preferem não competir com outros carnívoros como leões e optam por buscar comida nas áreas agrícolas.
Mas estas aves carniceiras com frequência encontram restos de animais que contêm medicamentos veterinários nocivos ou que foram deliberadamente envenenados para eliminar predadores.
O estudo também encontrou evidências, no entanto, de que os abutres se aproximam da carniça deixada para atrai-los e permitir que os turistas os vejam, explicou o principal co-autor do estudo, Stephem Willis, da Durham University da Grã-Bretanha.
"Encontramos evidências de que algumas aves foram atraídas pelos ;restaurantes para abutres;, carniça colocada regularmente como fonte adicional de alimento para os abutres e graças à qual os turistas podem ver as aves de perto", explicou Willis.
"Esses ;restaurantes; poderiam ser utilizados no futuro para atrair os abutres para zonas distantes dos locais onde correm alto risco de intoxicação", afirmou.
O abutre-de-costas-brancas é uma espécie comum, mas em declínio na África e agora corre risco de extinção.
"As práticas agrícolas modernas representam um risco maior de envenenamento fatal para os abutres", disse outro co-autor do estudo, Louis Phipps.
"Administrar (às aves) alimentos não contaminados, investigar as práticas veterinárias e educar os agricultores pode ser parte de uma solução no futuro, se o número de abutres continuar caindo", acrescentou.