Agência France-Presse
postado em 07/02/2013 18:56
O ancestral comum a todos os mamíferos placentários como o homem, o cavalo, o cão, o macaco e a baleia apareceu após a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos, revela uma pesquisa internacional, da qual participou um cientista brasileiro do Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
Este estudo põe fim ao debate sobre as origens dos mamíferos, que trabalhos anteriores situavam antes do desaparecimento dos dinossauros e de 70% das espécies do planeta que teria sido causada, segundo a teoria mais comumente aceita, pelo impacto de um asteroide que revolucionou o clima.
Para chegar a esta conclusão, os cientistas se apoiaram no maior banco de dados do mundo, no qual examinaram traços genéticos e morfológicos das diferentes espécies para reconstruir a árvore genealógica dos mamíferos placentários, o ramo mais importante desta família que tem mais de 5.100 espécies vivas.
No entanto, análises genéticas prévias tinham levado a crer que os mamíferos já eram um grupo diversificado ao final do período Cretáceo. A partir de agora, estima-se que o surgimento tenha se situado entre 200.000 e 40.000 anos após o desaparecimento dos dinossauros.
"É cerca de 36 milhões de anos mais tarde do que as estimativas baseadas unicamente em dados genéticos", explicou o brasileiro Marcelo Weksler, paleontólogo do Museu Nacional-UFRJ, um dos 23 coautores do estudo publicado na edição desta sexta-feira da revista científica americana Science.
Para chegar ao ancestral comum dos mamíferos, um animal que seria do tamanho de um pequeno rato, estes cientistas destrincharam as características físicas e genéticas de 86 espécies, 40 delas já extintas, mas conhecidas através de seus fósseis.
No processo, reuniram 4.500 características morfológicas como a presença ou a ausência de asas, dentes e certos tipos de esqueletos, e depois as combinaram com dados genéticos.
Este banco de dados contém dez vezes mais informações do que as utilizadas até o momento para estudar a história dos mamíferos, afirmaram os cientistas, ressaltando que está acessível ao público na internet no site www.morphobank.org, e conta com mais de 12.000 ilustrações.