Agência France-Presse
postado em 15/02/2013 13:14
Tolosa - Como evitar uma colisão entre a Terra e um asteróide? Os cientistas de Europa, Rússia e Estados Unidos buscam a melhor maneira de desviar qualquer corpo celeste que possa ameaçar nosso planeta, como o que aniquilou os dinossauros."Ninguém busca detonar um asteróide. Isto não é Hollywood, e este remédio pode ser pior que o próprio mal, ao multiplicar os riscos" com a fragmentação do objeto, explicou em uma entrevista à AFP o cientista francês Erwan Kervendal, responsável por este dossiê no Astrium, que forma parte do EADS, o primeiro grupo europeu de aeronáutica e defesa.
Enquanto esperam que um asteróide de 45 metros de diâmetro e 135 mil toneladas de peso passe muito perto da Terra nesta sexta-feira - sem riscos de colisão com o planeta, já que passará a quase 30.000 km de distância -, os cientistas examinam três opções para desviar um objeto que possa ameaçar o planeta, segundo Kervendal.
Os europeus trabalham sobre uma opção que consiste em "atacar o objeto celeste a uma grande velocidade, cerca de 30 mil km/h, perto de seu centro de gravidade, sob um ângulo particular para fazê-lo desviar", explicou Kervendal, que dirige o projeto "de impactador cinético" no Astrium. Os cientistas americanos trabalham, por sua vez, sobre a atração que pode ser exercida por um veículo espacial colocado por muito tempo perto do asteróide, e que funcionaria como "trator de gravidade", segundo o especialista do Astrium.
Os russos estudam uma terceira opção, que consiste em um desvio da trajetória por efeito do sopro vinculado a uma explosão perto do asteróide. Os cientistas e industriais se reunirão em março em Bruxelas para discutir estas opções, anunciou o especialista. Nesta reunião será feito "o primeiro balanço anual do programa da União Europeia NEO-Shield (Escudo contra os objetos próximos da Terra), ou geocruzeiros", lançado com uma duração de três anos no início de 2012", indicou Kervendal.
[SAIBAMAIS]"Cada um trabalha sobre um eixo, mas vamos juntar nossos conhecimentos e nossos dados matemáticos", afirmou o cientista francês, ressaltando que não se trata de uma concorrência entre as equipes, mas de uma colaboração. Depois que o conceito "mais eficaz e realizável industrialmente" for escolhido, em meados de 2015, serão necessários ainda muitos anos para encontrar uma solução operacional, admitiu.
"Se a UE aceitar a proposta, um demonstrador será lançado até 2020 para validar a opção escolhida e mostrar que consegue alcançar um objeto, provavelmente para além de 36.000 km de altitude, onde giram os satélites de comunicações", explicou.
"Em função do interesse de nossos dirigentes, e uma vez demonstrado que funciona, passaremos para a etapa de financiamento do desenvolvimento da tecnologia operacional", acrescentou o responsável da Astrium, que considerou prematuro fornecer mais detalhes sobre o estudo e os prazos.
O asteróide "2012 DA 14", que passará perto da Terra nesta sexta-feira, produziria, se colidisse com nosso planeta, danos comparáveis ao que destruiu a selva siberiana, em um raio de 20 km, em 1908 em Toungouska por uma onda de choque equivalente a centenas de vezes a bomba de Hiroshima. O meteorito que se chocou contra a península de Yucatán há 66 milhões de anos - e que seria responsável pela extinção dos dinossauros - media 10 km de diâmetro.