Ciência e Saúde

Abelhas usam o campo elétrico das flores como guia na busca por alimento

Em um experimento ainda mais desafiador, o "olho clínico" das abelhas se mostrou bastante detalhista

Roberta Machado
postado em 23/02/2013 07:40 / atualizado em 14/10/2020 11:37

Algumas pessoas colhem flores para desfrutar do seu perfume, apreciar sua forma ou enfeitar a casa. Todos esses detalhes são muito atraentes para os humanos, mas, na verdade, buscam seduzir outros admiradores: os insetos polinizadores, como as abelhas. Esses bichinhos são tão especializados nas plantas que podem detectar uma característica delas imperceptível para o ser humano. Trata-se do campo elétrico, usado pelos pequenos animais para saber se vale a pena ou não pousar em uma dessas belezas, conforme mostram pesquisadores do Reino Unido na edição desta semana da Sciencexpress.

Para entender melhor como os polinizadores se guiam por esse sinal, os cientistas usaram um jardim de flores artificiais: metade delas recebeu uma pequena carga elétrica, enquanto as restantes, de aparência idêntica, permaneceram neutras. As abelhas que escolhiam as flores carregadas encontravam uma recompensa de sacarose, e as plantas desconectadas reservavam uma amarga solução de quinino para suas visitantes. Logo, os insetos aprenderam a relacionar o campo elétrico com o conteúdo dos receptáculos, e deixaram de procurar as plantas descarregadas.

“Se uma abelha tem uma carga positiva, porque se esfrega contra o ar ionizado, a flor vai aparecer relativamente negativa. Essa diferença gera o campo elétrico. Agora, mostramos que os campos elétricos são parte dos sinais que as abelhas usam para decidir se vão se alimentar numa flor ou não”, explica Daniel Robert, biólogo da Universidade de Bristol e autor do estudo. A diferença de potencial já havia sido observada nas abelhas, que ficam cobertas de grãos de pólen quando pousam em uma flor graças à eletricidade estática. O material, que, assim como o néctar, serve de alimento para os insetos, acaba transportado para outras plantas, no processo chamado polinização. Até agora, porém, não se sabia se as cargas ajudavam os bichinhos a identificar as plantas. “Isso vai muito além da troca de pólen. É um canal sensorial que descobrimos, que havia escapado da nossa atenção”, diz Robert.

 

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