Agência France-Presse
postado em 09/03/2013 19:57
Washington - Cientistas descartaram que a vitamina B3, ou niacina, administrada em doses altas, tenha efeito terapêutico em pessoas com risco de desenvolver doenças cardiovasculares, assinalando, inclusive, que a mesma pode ser prejudicial, segundo os resultados do maior teste clínico já realizado sobre o tratamento, divulgados neste sábado.
A empresa farmacêutica americana Merck, que desenvolveu esta combinação de niacina e laropiprant chamada Tredaptive, já havia indicado, em 20 de dezembro, que os resultados preliminares do estudo (HPS2-THRIVE) foram decepcionantes, a ponto de a mesma ter retirado o pedido de comercialização feito à agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos (FDA).
O Tredaptive foi aprovado em 70 países - não nos Estados Unidos - sendo que 40 deles já o comercializam.
O teste clínico envolveu 25.673 pacientes com risco de sofrer ataque cardíaco ou derrame. Metade deles tomou Tredaptive, e o restante, um placebo. A todos foi prescrita uma estatina, medicamento para o controle do colesterol.
O estudo não mostrou diferenças na redução do risco de problemas cardiovasculares. No grupo que tomou Tredaptive, 13,2% dos participantes tiveram um episódio cardiovascular ou que ser operados, em comparação com 13,7% no outro grupo.
"Estamos decepcionados com o fato de estes resultados não terem mostrado nenhum benefício para os nossos pacientes", lamentou Jane Armitage, da Universidad de Oxford, principal autora do estudo.
Jane apresentou os resultados na conferência anual da American College of Cardiology (ACC), em San Francisco, Califórnia.
Os pesquisadores também se surpreenderam ao constatarem, no grupo que tomava Tredaptive, um número elevado de pacientes com hemorragia - de 2,5%, frente a 1,9% -, bem como com infecções (8%, frente a 6,6%).
Além disso, um número significativamente maior de participantes do estudo que tomaram Tredaptive apresentaram efeitos colaterais graves, como diabetes (9,1%, contra 7,3%) e problemas gastrointestinais (4,8%, contra 3,8%).
"A niacina é usada há anos com a ideia de que ajuda a prevenir infartos ou derrames, mas, agora, sabemos que seus efeitos colaterais prejudiciais são maiores do que seus benefícios", assinalou a autora.
A niacina ajuda a aumentar o colesterol bom (HDL) e a reduzir o ruim (LDL).
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