Que homens e mulheres são diferentes, não existe dúvida. Mas até que ponto essas diferenças são intrínsecas ou simplesmente fruto de uma construção cultural? Quando a questão extrapola a aparência, ou a própria biologia, e passa a interferir nos papéis sociais e psicológicos esperados para cada um dos dois sexos, é difícil encontrar um consenso sobre o que cabe somente ao homem ou o que cabe à mulher. Na eterna busca por compreender absolutamente tudo o que o cerca, o ser humano levou a discussão de gênero para a ciência, aproveitou-se de sua autoridade e, assim, começou a difundir que a resposta para os comportamentos observados no dia a dia estavam simplesmente nas diferenças estruturais e químicas do cérebro. O problema disso tudo, entretanto, é quando preconceitos de gênero voltam com mais força após a aliança com argumentos praticamente inquestionáveis, já que foram ;provados; cientificamente.
De acordo com Cordelia Fine, neurocientista e doutora pela University College London, as explicações neurológicas por trás dos diferentes papéis, ocupações e realizações dos homens e das mulheres foram repetidamente reformuladas à medida que as técnicas neurocientíficas se tornaram cada vez mais sofisticadas. Com a ressonância magnética e a possibilidade de rastrear o cérebro humano, a imagem passou a ser testemunha viva de que o ;cérebro dos homens não foi criado para ser sensível e empático; ou ;o cérebro das mulheres não foi feito para consertar carros;.