Depois de isolar e sequenciar geneticamente as cepas de E. coli de um grupo de mulheres que sofrem de infecção urinária de repetição, os cientistas liderados por Swaine Chain, pesquisador do Instituto de Genoma da Universidade de Cingapura, constataram que o agente patógeno se instala na bexiga ao mesmo tempo em que se mantém no intestino. ;Do ponto de vista evolutivo, para se adaptar à bexiga, um ambiente ao qual ela não pertence naturalmente, a bactéria perderia sua capacidade de se fixar em outros órgãos;, explica Chain. Não foi isso, porém, que aconteceu. Ao analisar amostras de urina e fezes das pacientes que participaram do estudo, os cientistas encontraram, em ambas, linhagens de E. coli com DNA idêntico.
Embora seja benéfica ao intestino, seu hábitat natural, onde ajuda a metabolizar complexos vitamínicos, a E. coli torna-se agressiva ao sair desse órgão. Nas mulheres, a uretra é muito próxima da região perianal, o que facilita o deslocamento. ;A maioria dos patógenos origina-se na flora intestinal, ganhando acesso à área uretral e ascendendo à bexiga. Evidências sugerem que haja uma alteração da flora vaginal normal, com uma diminuição de lactobacilos, o que facilitaria a colonização local pelos patógenos procedentes do intestino, com uma posterior infecção do trato urinário;, esclarece Maria Letícia Cascelli de Azevedo Reis, nefrologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília. ;Algumas ocorrências são atribuídas à existência de um reservatório de patógenos no epitélio da bexiga, que persistiria ativo após um episódio de infecção;, continua (leia Palavra de especialista).