Um observatório situado no vulcão de Mauna Loa, no Havaí, registrou na quinta-feira passada uma concentração de CO2 de 400,03 ppm, informou a agência oceânica e atmosférica americana (NOAA). Embora se trate de uma medida pontual, a média anual de 2013 sem dúvida superará os 400 ppm que, segundo os especialistas, é um valor simbólico que marca uma tendência preocupante do planeta rumo ao aquecimento.
Em 2009, a meta estabelecida pela comunidade internacional era manter o aquecimento global a uma elevação máxima da temperatura de %2b2;C com relação aos níveis anteriores à era industrial. Se estes 2;C forem superados, os cientistas consideram que o planeta entrará em um sistema climático marcado por fenômenos extremos.
Com uma média anual de 400 ppm de concentração de CO2, o aquecimento global previsto será de pelo menos 2,4;C, segundo o último relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC). E as perspectivas são pessimistas: as emissões de CO2 na atmosfera não param de crescer e se a tendência se mantiver, a temperatura pode aumentar entre 3; e 5 ;C
.
"Clima pré-histórico"
Figueres assegurou que "ainda há uma oportunidade de evitar os piores efeitos das mudanças climáticas" e fez um apelo à comunidade internacional para que dê uma "resposta política capaz de enfrentar este desafio". O próximo grande encontro será a cúpula climática da ONU, em 2015 na França. Mais de 190 países concordaram em assinar um acordo global que limite as emissões de gases de efeito estufa de todos os países.
Mas estas negociações, que envolvem os grandes poluidores do planeta, com China e Estados Unidos à frente, não serão fáceis. A última tentativa para estabelecer um acordo deste tipo - Copenhague, em 2009 - fracassou.
A última vez que o planeta registrou uma concentração de C02 na atmosfera superior às 400 partes por milhão (ppm) foi entre 3 e 5 milhões de anos, durante a era do Plioceno. A temperatura na época era de 3 a 4 graus superior à atual. "Estamos criando um clima pré-histórico no qual a nossa sociedade terá que enfrentar riscos enormes e potencialmente catastróficos", advertiu no final da semana passada Bob Ward, diretor de comunicações do Instituto de Pesquisas Grantham sobre Mudanças climáticas e Meio Ambiente, da London School of Economics and Political Science.
Um estudo publicado no domingo alertou para os efeitos previstos das mudanças climáticas na biodiversidade. Segundo especialistas, se a tendência atual se mantiver, o espaço propício para a existência de mais da metade das espécies vegetais e de um terço das espécies animais será reduzido em 50% até 2080.