postado em 15/05/2013 09:14
Belo Horizonte ; O tumor maligno na mama direita diagnosticado em 1999 e a recomendação de especialistas pesaram na difícil escolha feita por Francisca Spindola em outubro do ano passado. Preocupada com o aparecimento da doença no seio esquerdo, a professora de 44 anos decidiu tirá-lo. ;Já tive câncer de cólon e há outros casos de câncer de mama na minha família. No meu caso, a mama não é essencial para viver;, justifica. Assim como a atriz Angelina Jolie, que anunciou ontem ter passado pela dupla mastectomia preventiva, Francisca tem uma mutação genética que potencializa o surgimento da doença. No caso da atriz, o problema está no gene BRCA1. A moradora de Formosa (GO) sofre alterações no BRCA2. A estimativa é de que uma em cada 300 a 500 mulheres porte uma das mutações genéticas.
Sem acrescentar outro fator de risco, uma em cada em 10 mulheres terá câncer de mama antes de chegar aos 70 anos de idade, segundo Dominique Stoppa-Lyonnet, chefe do serviço de genética oncológica do Instituto Curie de Paris. As mutações aumentam o risco da doença em 65% (caso seja no BRCA1) e 45% (caso seja no BRCA2). Além disso, nas mulheres com a alteração genética, o surgimento do câncer de mama costuma ser antecipado ; cai para 45 anos ;, o desenvolvimento do tumor é geralmente mais rápido e há maior taxa de reincidência.
;Optar por uma retirada preventiva das mamas é uma decisão dolorosa para mulheres como Angelina, mas sabemos que é uma forma fundamental de salvar vidas;, analisa Delyth Morgan, diretora da campanha britânica contra o câncer de mama. Soraya Zhouri, mastologista e professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG), enfatiza que essa decisão é recomendada em casos selecionados, quando há o gene na família e nos parentes de primeiro grau. ;Esse procedimento teve um boom no início da década de 1980, quando houve certo apavoramento das americanas. Mais tarde, ao se constatar que por mais que se retire a glândula vão ficar 5% de tecido glandular, o ímpeto diminuiu porque viu-se que a intervenção não é 100% segura.;