Ciência e Saúde

Mina intacta há 1,5 bilhão de anos pode ter seres vivos, mostram estudos

O grupo integra o corpo acadêmico de universidades britânicas e canandeses e participou da investigação de outra mina de água, na África do Sul

Isabela de Oliveira
postado em 16/05/2013 07:00

As rochas da mina são parecidas com as de Marte: esperança de vida fora da Terra
Estudos conduzidos em uma mina de água na cidade de Timmins, em Ontario, no Canadá, trouxeram uma esperança a mais para quem aposta que pode existir água e vida em Marte. Segundo cientistas, as rochas encontradas na mina, que tem entre 1 bilhão e 2,5 bilhões de anos, são similares à crosta do planeta vermelho. ;Se achamos essa água aqui, há muitas razões para acreditar que esses lençóis profundos e ricos em energia existem na superfície de Marte também;, pontua Barbara Sherwood Lollar, pesquisadora do Departamento de Geologia da Universidade de Toronto e uma das integrantes da expedição científica.


O time de pesquisadores é experiente em análise de águas subterrâneas. O grupo integra o corpo acadêmico de universidades britânicas e canandeses e participou da investigação de outra mina de água, na África do Sul, em 2011, em que foram encontrados seres vivos, situação esperada agora no Canadá. A mina canadense tem as mesmas condições químicas e permaneceu completamente isolada por pelo menos 1,5 bilhão de anos. ;A africana possui águas que datam de milhares de anos. Os organismos que vivem lá podem não ser tão antigos, mas isso nos mostrou que aquele fluido esteve isolado da superfície em uma escala de tempo sem precedentes;, diz Lollar.

Palavra de especialista

Rubens Duarte, microbiologista do Instituto Oceanográfico e do Laboratório de Astrobiologia da USP

A diversidade de micro-organismos na Terra é imensa. Diferentes espécies podem viver em praticamente todos os lugares que podemos imaginar. Entre elas, existem os seres extremófilos, capazes de sobreviver em locais extremos para a maioria dos seres vivos. Alguns micro-organismos seriam capazes de sobreviver nas águas de Timmins, como as arquéias metanogênicas que "respiram" gás hidrogênio (H2) e gás carbônico (CO2), liberando gás metano (CH4) no final do processo. Esta descoberta nos mostra principalmente que água com altas concentrações de hidrogênio e metano podem ser preservadas durante bilhões de anos no interior da crosta do planeta, sendo um ambiente em potencial para vida de micro-organismos. Além disso, ela soma-se a outras evidências que indicam que se a vida existe ou existiu em Marte, ela encontra-se provavelmente enterrada. Concentrações relativamente altas de metano já foram detectadas lá. Sabe-se que este gás estava preso no interior do solo e agora resta investigar se ele tem origem biológica. Na Terra, cerca de 80% do metano é produzido por micro-organismos e os outros 20% por vulcões. Como não há vulcões ativos em Marte, supõe-se que esse gás pode ter sido produzido por micro-organismos num passado remoto, e que hoje eles estão aprisionados na sub-superfície do planeta.

O grupo integra o corpo acadêmico de universidades britânicas e canandeses e participou da investigação de outra mina de água, na África do Sul

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