Nem a mais higiênica das pessoas está livre de ter o corpo superpovoado por bactérias e fungos. Esses últimos, que formam um reino à parte na natureza, habitam lugares tão diversos como florestas, queijos e a pele humana. Uma vez que as comunidades de leveduras ; gérmens unicelulares ; são difíceis de serem cultivadas em laboratório, pouco se sabia sobre elas. Agora, pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos fizeram um atlas dos fungos que colonizam a epiderme de indivíduos saudáveis. Encontraram milhões deles, distribuídos por todas as partes: do meio da testa ao dedão do pé.
Em um artigo publicado na revista Nature, eles explicam que retiraram amostras de 4cm da pele de 10 voluntários entre 18 e 40 anos, sem problemas de saúde e que não haviam sido expostos a microbicidas nos seis meses anteriores à pesquisa. Usando uma metodologia adaptada a seres invisíveis a olho nu, os cientistas sequenciaram o DNA dos micro-organismos identificados e conseguiram medir a quantidade de cada um deles nas amostras. No total, foram achados 5 milhões de fungos, o que dá 500 mil por pessoa.
A área com maior diversidade de leveduras foi o pé: só no calcanhar,
vivem espécies pertencentes a 80 gêneros. No dedão, os cientistas encontraram 60 e, no espaço entre os dedos, 40. Como no restante do corpo, predomina o tipo Malassezia, que inclui os micro-organismos causadores de caspa e dermatite, por exemplo. Nas mãos, as colônias de fungos são poucas, comparando-se a bactérias: há cerca de 30. Já a parte central (tórax e abdômen) é a menos atraente aos fungos, sendo colonizada por entre duas a 10 comunidades diferentes.