Agência France-Presse
postado em 29/05/2013 15:44
Moscou - Em uma descoberta que remete ao filme ;Jurassic Park;, cientistas russos anunciaram esta quarta-feira ter encontrado sangue na carcaça de um mamute, extraído do solo congelado de uma ilha no Ártico, ressaltando que o feito aumenta enormemente as chances de, no futuro, clonar o animal pré-histórico.Uma expedição conduzida no começo do mês pela Sociedade Geográfica russa e especialistas da Universidade Federal do Nordeste (Iakutsk, Sibéria oriental) permitiu examinar a carcaça bem conservada da fêmea de um mamute lanoso, localizado em agosto passado no ;permafrost; (solo permanentemente congelado) da ilhota Maly Liakhovski, no Oceano Ártico russo.
Semen Grigoriev, chefe da expedição, declarou à AFP que a morte do animal ocorreu quando este tinha cerca de 60 anos de idade, há 10.000 ou 15.000 anos. Ele classificou a descoberta de excepcional.
"Praticamente todos os anos nós descobrimos mamutes (n.r: na Rússia). Mas esta expedição permitiu encontrar, pela primeira vez, uma fêmea em ótimo estado de conservação", afirmou por telefone.
O exame da carcaça congelada levou a uma descoberta ainda mais excepcional: ela ainda continha tecidos musculares preservados e sangue. "Quando perfuramos o gelo em seu ventre, escorreu sangue muito escuro. É o caso mais surpreendente que já vi na minha vida", admitiu o cientista.
"Como o sangue pode ter permanecido líquido? Não tem menos de 10.000 anos! E os tecidos musculares estavam avermelhados, da cor de carne fresca", acrescentou.
O cientista russo atribuiu esta descoberta às condições excepcionais nas quais a fêmea de mamute permaneceu conservada durante milhares de anos. "Ela caiu em uma poça d;água ou em um pântano, provavelmente até a metade. A parte baixa do corpo congelou na água", acrescentou. Grigoriev explicou, ainda, que a parte superior da carcaça tinha sido parcialmente devorada por predadores da época.
Uma vez retirada, a carcaça foi transferida para um lugar adequado para sua conservação - geralmente uma cavidade no ;permafrost; - à espera de uma nova expedição, internacional, neste verão. "Esta descoberta nos dá chances reais de encontrar células vivas que poderiam permitir realizar o projeto de clonar um mamute", declarou o cientista.
Como parte deste projeto, a Universidade de Iakutsk assinou no ano passado um acordo com o cientista sul-coreano Hwang Woo-Suk, um controverso especialista em clonagem, que se tornou "pai", em 2005, do primeiro cão clonado, batizado Snuppy.
Em caso de êxito, o núcleo das células de mamute será transferido para os óvulos sem núcleo de uma elefanta, com o objetivo de produzir embriões portadores do DNA do mamute, que serão, em seguida, implantados no útero de uma elefanta asiática.