Agência France-Presse
postado em 29/05/2013 19:02
Washington - Uma terapia genética protegeu ratos de diferentes vírus responsáveis por pandemias de gripe, incluindo a cepa da gripe espanhola, que causou 50 milhões de mortes em 1918, revelou um estudo promissor publicado esta quarta-feira.Uma simples dose do vírus adeno-associado, que ativa um anticorpo que neutraliza as cepas de influenza pandêmica nas fossas nasais de ratos e furões, ajudou a proteger esses animais da infecção da gripe, afirmaram os autores deste trabalho, publicado na revista americana Science Translational Medicine.
Os vírus adeno-associados, usados para transferir genes, não são patogênicos e existem naturalmente em humanos e primatas.
O estudo publicado esta quarta-feira mostrou que uma simples dose deste vírus protegeu completamente os animais de laboratório expostos em seguida aos vírus H5N1 e H1N1, altamente patogênicos e causadores de gripes mortais.
Estas cepas se isolaram a partir de amostras associadas com várias pandemias históricas, inclusive as de 1918 e 2009.
"Os experimentos descritos no nosso estudo demonstram a eficácia deste enfoque nos animais, que poderia ser usado para lutar contra qualquer pandemia ou agente de bioterrorismo, para os quais os anticorpos estão disponíveis e podem ser facilmente isolados", disse James Wilson, da Universidade da Pensilvânia, autor principal do trabalho.
"O desenvolvimento desta tecnologia genética se tornou ainda mais urgente com o surgimento recente na China da gripe aviária H7N9, mortal para os humanos", destacou.
Maria Lambris, da Universidade da Pensilvânia, considerou que o inovador neste enfoque é o uso de vírus adeno-associados para se obter uma vacina profilática simples e eficaz nas fossas nasais.
"Os anticorpos têm sido utilizados contra o câncer e o tratamento de doenças autoimunes, mas não para lutar contra as doenças infecciosas", disse.
"Esta nova técnica permite o desenvolvimento de uma vacina profilática contra a gripe, de custo menor, fácil de administrar e de rápida fabricação", sustentou a cientista.
Estes cientistas estão trabalhando com as diversas partes interessadas no projeto para acelerar o desenvolvimento desta tecnologia e explorar o potencial dos adeno-vírus como vetor para obter um antídoto biológico contra as armas químicas.